Milhares de manifestantes foram às ruas de Istambul nesta terça-feira (20), desafiando a proibição de protestos imposta pelo governo do presidente Recep Tayyip Erdoğan. Os atos foram motivados pela prisão do prefeito da cidade, Ekrem İmamoğlu, acusado de corrupção e de ligações com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado terrorista pelo governo turco. O aprisionamento acontece em um contexto de forte disputa política, já que İmamoğlu era o principal nome da oposição para as eleições presidenciais de 2028.
A detenção do prefeito intensificou as tensões políticas na Turquia. İmamoğlu já havia enfrentado problemas com a Justiça em 2022 e teve sua candidatura à presidência barrada em 2023. Na semana passada, uma decisão oficial anulou seu diploma universitário, o que, segundo as regras eleitorais do país, o impediria de concorrer ao cargo máximo do Executivo. Além disso, Erdoğan está no comando do país há mais de duas décadas.
Diante da crescente revolta popular, o governo turco impôs um bloqueio às redes sociais, visando evitar a formação de ainda mais protestos populares, restringindo o acesso ao Instagram, Facebook, YouTube e TikTok. Ademais, o Estado decretou a proibição de manifestações por quatro dias, mas isso não impediu os protestos em Istambul. Para a oposição, as ações de Erdoğan configuram uma tentativa velada de golpe contra a democracia.