Em carta publicada como anúncio nos jornais israelenses desta quinta-feira, cerca de mil reservistas e oficiais da Força Aérea de Israel (FAI), entre eles um de seus ex-comandantes, general Dan Halutz, estão pedindo ao governo de Benjamin Netanyahu para concluir um acordo com o Hamas e libertar os reféns, mesmo ao preço de acabar com a guerra.
A reação imediata do primeiro-ministro Netanyahu foi a de acusar os signatários de “enfraquecer as Forças de Defesa de Israel (FDI) e fortalecer o inimigo durante a guerra”. Para ele, o conteúdo da carta é “imperdoável”.
Ontem, quarta-feira, médicos israelenses exigiram uma investigação imparcial sobre a morte de 15 socorristas da Cruz Crescente e do Ministério da Saúde do Hamas, mortos a tiros enquanto atendiam a chamadas de emergência. O porta-voz militar de Israel admitiu que houve erro das tropas ao abrir fogo contra as ambulâncias, que estavam sinalizadas, faróis acesos e suas equipes vestidas com jalecos fluorescentes.
O comando das FDI decidiu expulsar os reservistas em serviço ativo, signatários da carta. Pilotos e veteranos já protestaram antes, no início de mais este mandato de Netanyahu, em 2022, quando ele tentou uma reforma para enfraquecer a justiça e fortalecer o executivo, dividindo o país. Ameaçavam não se apresentar ao serviço. Mas quando o Hamas invadiu Israel e matou 1.200 pessoas, em outubro de 2023, os reservistas e pilotos se apresentaram em massa para a guerra.
Na carta-anúncio vem dito: “Pare com a luta e traga de volta todos os reféns — agora! Cada dia que passa coloca em risco suas vidas”. O general Nimrod Sheffer, ex-oficial sênior da FAI, explicou que assinou a carta porque os reféns estão vulneráveis. São 59 ao todo ainda em Gaza, 24 dos quais vivos. “É imoral abandoná-los”, ele declarou em entrevista ao jornal Times of Israel. “Não podemos ficar quietos”.
Na carta, os signatários argumentam que a guerra em Gaza, agora, serve a “interesses políticos e pessoais, e não à segurança nacional”. E mais:“Como foi provado no passado, apenas um acordo (com o grupo terrorista Hamas) pode devolver os reféns com segurança, enquanto a pressão militar leva principalmente à morte deles e ao perigo para nossos soldados. Pedimos a todos os cidadãos de Israel que se mobilizem para a ação.”As demissões dos signatários já começaram. Netanyahu os chamou de “extremistas marginais que estão, mais uma vez, tentando rachar a sociedade israelense. Eles tentaram o mesmo em 7 de outubro (de 2023) e o Hamas o interpretou como uma fraqueza”. (O primeiro-ministro não lembrou de sua reforma da justiça que rachou o país, nem que o Hamas estava há um ano preparando o ataque.) Os militares das FDI declararam que não se pode “usar a marca da Força Aérea Israelense” para protestos políticos.
O ministro da Defesa, Israel Katz, também se pronunciou: “Rejeito com veemência a carta dos reservistas da Força Aérea e a tentativa de minar a legitimidade da guerra justa que as FDI estão liderando em Gaza pelo retorno dos reféns e pela derrota da organização terrorista assassina Hamas.” O ministro da Segurança Nacional, de extrema-direita, Itamar Ben Gvir, disse que os signatários da carta, incluindo um ex-chefe de gabinete, “continuam a negociar o sangue de nossos filhos com irresponsabilidade criminosa, usando cinicamente sua patente militar.” Ele ainda declarou: “Minha exigência é que o governo demita, imediatamente, aqueles que estão no serviço ativo, e revogue das fileiras e pensões militares aqueles que não estão mais servindo. Qualquer tratamento indulgente levará ao colapso do FDI. “