Com seis reféns trocados por 620 prisioneiros palestinos, neste sábado, faltam os caixões com quatro mortos em cativeiro, a serem entregues na quinta-feira, para o fim do acordo de cessar-fogo de 42 dias, ainda sem extensão garantindo que a guerra não vá recomeçar.
O ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, deve se encontrar com o enviado especial do presidente Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, em Washington, para negociações de uma 2ª fase do cessar-fogo, com duração de mais 42 dias e libertação dos últimos 60 reféns, dos quais se acredita que pelo menos 30 estejam mortos.
O encontro Dermer-Witkoff terá a participação remota do primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdul Rahman al-Thani, que foi o anfitrião das negociações que resultaram no acordo da 1ª fase, que terminará no dia 1º de março.
O primeiro-ministro Netanyahu excluiu do time israelense de negociadores os chefes do Mossad e do Shin Bet, que participaram das rodadas de negociações nos últimos 15 meses. Ele também acrescentou novas exigências que supõem um intransponível impasse: a extradição da liderança do Hamas para algum país árabe, o desarmamento de todos os grupos terroristas e a segurança em Gaza sob controle de tropas israelenses.
O Hamas e a Jihad Islâmica Palestina têm exibido, a cada cerimônia de entrega de reféns, que ainda está governando Gaza, com seus homens armados em uniformes novos, e poder sobre os civis palestinos. Os 19 mil combatentes que Israel supõe ter matado em 15 meses de guerra foram substituídos por novos recrutas — uns dez mil, segundo algumas informações.
Witkoff falou em Miami que a 2ª fase “é mais difícil”, acrescentando uma ponta de esperança: “Se trabalharmos duro, há uma chance real de sucesso”. Ele explicou qual a dificuldade: “É que deveria haver um fim para a guerra. E eu acho que os israelenses têm uma linha vermelha — a de que o Hamas não pode permanecer como governante em Gaza. Será difícil tornar o círculo quadrado”.
Netanyahu conta com o apoio total do presidente Trump, que diz que o apoia na direção que tomar. Uma contraofensiva árabe ao plano de Riviera do Oriente Médio, que despovoaria os 2 milhões de habitantes de Gaza, será conhecida na sexta-feira em Riad, na Arábia Saudita. Vários países árabes vão propor planos de reconstrução de Gaza. Assim, no dia seguinte a entrega de mais quatro caixões pelo Hamas, e simultâneo ao encontro Witkoff-Dermer, poderá ter o efeito de adiar o reinício da guerra interrompida pelo cessar-fogo em extinção.
O sábado foi de alegria para a família dos seis reféns libertados, dois dos quais estavam no cativeiro há cerca de dez anos, desde que entraram em Gaza inadvertidamente. Os legistas do instituto forense de Abu Kabir confirmaram que os novos restos mortais entregues pelo Hamas são realmente de Shiri Bibas, trocados por um outro de uma mulher anônima. Ela também teria sido assassinada “brutalmente”, como seus dois filhos de 4 anos e 9 meses, segundo exames patológicos.
Os prisioneiros palestinos libertados por Israel vestiam camisas com um versículo dos Salmos 18.37, em árabe: “Persegui os meus inimigos, e os alcancei, e não voltei atrás até sua destruição”. Também tinham pulseiras dizendo que “O povo eterno não esquece”, e seguindo com a repetição do salmo das camisetas. Nas celas, eles deixaram escrito: “Não perdoaremos, não nos ajoelharemos”.
Um recém-libertado prisioneiro palestino, Nael Obeid, caiu do telhado em sua casa, e morreu. Ele foi condenado à sete sentenças de prisão perpétua pela participação de um atentado a um café, em Jerusalém, e serviu por 21 anos.
A troca de reféns, no sábado, foi feita em duas cerimônias públicas e uma terceira, não televisionada. Os dois primeiros libertados, Avera Mengistu e Tal Shoham, foram entregues à Cruz Vermelha em Rafah. Outros três, Omer Shem Tov, Omer Wenkert e Eliya Cohen, em Nuseirat. E o sexto refém, Hisham al-Sayed, em Gaza, parecendo estar com problemas de saúde.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da BandNews TV