Sem paz em Gaza e Israel

O Hamas perdeu o contato com o cativeiro do refém israelense-americano; Mais petições em Israel pedem o fim da guerra e a libertação dos reféns

Talvez parte de guerra psicológica, o Hamas anunciou ter perdido contato com o cativeiro que abriga o refém israelense-americano Edan Alexander. “Foi depois de um bombardeio israelense”, explicou Abu Obeida, porta-voz das brigadas Al-Qassam. Ele acrescentou, macabro ao público israelense: “Esteja preparado: em breve seus filhos retornarão em caixões”.

Al-Qassam já blefou uma vez, dando como morta uma refém que depois foi trocada viva por prisioneiros palestinos. Se for verdade, porém, a morte de Edan Alexander, o último norte-americano vivo entre os 250 reféns sequestrados no ataque do Hamas, em outubro de 2023, pode provocar uma consequência imprevisível para Gaza.
O presidente Donald Trump estava empenhado, pessoalmente, em libertar Edan Alexander. Um de seus emissários ao Oriente Médio chegou a ter negociações diretas com o Hamas, pela primeira vez, em Doha, no Catar. Antes de concluir um acordo, Israel o denunciou por contatos proibidos pelos próprios Estados Unidos, e não houve mais encontros.

Antes da perda de contato com Edan Alexander, o Hamas rejeitou a última proposta israelense, apresentada pelos intermediários egípcios e catarianos, por não conter o fim da guerra e a retirada das forças israelenses que estão aumentando sua ocupação em Gaza. Para Israel, não há acordo possível se o Hamas não desarmar seus combatentes e sua liderança não partir para o exílio. Na semana passada, o grupo Al-Qassam divulgou um vídeo em que mostrou Edan Alexander vivo, dizendo-se abandonado pelos governos americanos e israelense. “Por que não estou em casa? ”, perguntou.

A onda de petições públicas contra a guerra e pela volta de todos os reféns ganha cada dia mais adesões, desde a primeira, dos reservistas e pilotos da Força Aérea. Agora, também as assinaram 3.500 acadêmicos, 3 mil funcionários da área de educação, 1.500 soldados do batalhão de blindados, mil pais e dezenas de ex-funcionários do Ministério das Relações Exteriores e da unidade de porta-vozes militares.

“A guerra serve, principalmente, a interesses políticos pessoais”, acusa uma das petições. “Continuar a guerra matará os reféns, soldados e civis inocentes, e vai desgastar os reservistas. Como foi provado no passado, apenas um acordo poderá libertar os reféns com segurança”. Ex-comandantes, embaixadores, ex-primeiro-ministro estão entre os subscritores das petições.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e ministros de sua coligação de extrema-direita estão furiosos com a prisão de um agente veterano do Shin Bet, o serviço de espionagem interno, acusado de vazar documentos secretos ao ministro de Assuntos da Diáspora, Amichai Chikli, e a dois jornalistas. Nesta terça-feira pela manhã, o Tribunal do Magistrado de Rishon Letzion levantou a censura sobre o caso, a “ordem de mordaça”, e manteve o suspeito preso por mais tempo.

Para alguns ministros da extrema-direita, essa investigação seria a prova de que o diretor do Shin Bet, Ronen Bar, demitido por Netanyahu, mas mantido no cargo pela Corte Suprema, formou uma milícia para derrubar o governo. O ministro Chikli disse que o agente suspeito de lhe passar documentos secretos “é um herói de Israel”, e Ronen Bar, “um traidor”. Interrogado, o suspeito, não identificado a não ser pela letra “A”, admitiu que vazou informações, mas que eram “de interesse e importância pública”.

O Ministério da Justiça israelense informou que “o suspeito abusou de sua posição de segurança e o acesso que recebeu aos sistemas do Shin Bet, e forneceu informações classificadas em várias ocasiões a partes não autorizadas”. Netanyahu tentou demitir Ronen Bar no rastro das investigações do Catargate, o escândalo de dinheiro que transitou pelo gabinete do primeiro-ministro para o Hamas e para top auxiliares israelenses que promoveram uma campanha para tornar o Catar um anfitrião “simpático” para a Copa do Mundo de 2022, sem acusações de trabalho escravo na construção de estádios e nem de violações de direitos humanos.

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