A dois dias do prazo para se retirar do sul do Líbano, no domingo, Israel pediu aos Estados Unidos e à França para manter suas tropas por mais tempo na região, alegando que não finalizou o desmonte da infraestrutura e de arsenais escondidos do Hezbollah.
O argumento do governo israelense é o de que o Líbano também não cumpriu sua parte no acordo de cessar-fogo de 60 dias: o exército libanês e a UNIFIL, tropas de paz da ONU, deveriam estar ocupando posições ao longo da fronteira com Israel. E o Hezbollah teria que recuar para o norte do rio Litani.
O governo israelense explica que o acordo “é flexível”. Estados Unidos, França e o Líbano não responderam ainda ao pedido de extensão do prazo para Israel se retirar. Mas o Hezbollah reagiu, denunciando “uma violação flagrante do acordo, um ataque à soberania libanesa e o início de um novo capítulo de ocupação”.
Os líderes da oposição em Israel estão apoiando o pedido do governo de permanecer mais tempo no sul do Líbano. O ex-ministro da Defesa, Benny Gantz, lembrou que “o morador do norte israelense nunca mais deve ser ameaçado”. Os israelenses da região da fronteira libanesa se deslocaram para o sul durante o ano em que o Hezbollah disparou mísseis e drones, em solidariedade ao Hamas, em Gaza. O mesmo êxodo aconteceu com os moradores das cidades do sul do Líbano, que ficaram expostos às represálias de Israel.
Outro líder da oposição em Israel, Avigdor Lieberman, deixou um recado na plataforma X: “É proibido para as Forças de Defesa de Israel se retirar do Líbano no domingo. ” Ele acrescentou: “O lado libanês violou o acordo. Não há implantação real do exército libanês ao longo de sua fronteira, e ele é incapaz de controlar ou desarmar o Hezbollah. Uma retirada nessas condições põe em risco os residentes do norte de Israel. ”
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Sábado em Gaza: 4 reféns por 200 prisioneiros
Uma pequena crise ameaçou a libertação de quatro reféns em troca de 200 prisioneiros palestinos, neste sábado. O acordo de cessar-fogo determina que o Hamas deve libertar as mulheres civis primeiro, mas a lista entregue a Israel nomeou quatro mulheres militares. Os israelenses ainda pediram que entre as quatro fosse incluída a civil Arbel Yehud.
Foi preciso a intervenção do primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman al Thani, anfitrião das negociações sobre Gaza, para que a crise não crescesse e implodisse o acordo. Ele explicou que a refém Arbel Yehud está cativa do grupo Jihad Islâmica Palestina, e não com o Hamas, e que ela deverá constar da próxima troca, na semana que vem.
Cada refém civil vale 30 prisioneiros palestinos, e cada militar, 50. O governo israelense julgou que a “violação” do Hamas não justificaria o rompimento do acordo, que está sendo mantido, com alguns tiros esparsos de alerta para palestinos que se aproximam de tropas israelenses. Os familiares de reféns protestaram para impedir ao governo de usar a troca de nomes na lista como pretexto para encerrar o acordo. Não é segredo que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu foi forçado pelos EUA a concordar com o que discordava havia seis meses. Para ele, a guerra vai continuar até a derrota total do Hamas, que voltou às ruas de Gaza e assumiu até o controle do trânsito.
A maioria dos israelenses quer que Netanyahu siga o exemplo do chefe do Estado Maior Herzi Halevi, que anunciou sua renúncia, esta semana, por ser um dos responsáveis da falha que permitiu a invasão do Hamas a Israel, em 7 de outubro. Pela renúncia, responderam 63%; outros 27% foram contra a renúncia, e 10% não sabiam o que opinar. A pesquisa demonstrou que, para 57% do público, os militares, os serviços de inteligência e o comandante-em-chefe Netanyahu são igualmente responsáveis pelo que aconteceu.