O Exército de Israel confirmou que manterá tropas em zonas de segurança criadas dentro da Faixa de Gaza, que hoje abrangem mais de 30% do território palestino. A medida representa uma mudança na postura das Forças de Defesa de Israel, que anteriormente recuavam após operações ofensivas. Segundo o ministro da Defesa, Israel Katz, a presença militar busca proteger comunidades israelenses e impedir o retorno do grupo Hamas a essas áreas.
Desde a retomada dos ataques em 18 de março, após o fim de uma trégua de dois meses, Israel afirma ter atingido cerca de 1.200 alvos e realizado mais de 100 eliminações direcionadas. No mesmo período, estima-se que cerca de 500 mil palestinos foram forçados a deixar suas casas — muitos pela segunda ou terceira vez desde o início do conflito, em outubro de 2023.
O bloqueio total à entrada de ajuda humanitária em Gaza, imposto por Israel desde 2 de março, permanece em vigor. Katz declarou que a medida tem como objetivo pressionar o Hamas a libertar os reféns ainda mantidos em cativeiro. No entanto, a decisão tem sido duramente criticada por organizações internacionais, como o Ocha (Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários), que alertou que 91% da população de Gaza vive atualmente em insegurança alimentar.
A organização Médicos Sem Fronteiras descreveu o território como “uma vala comum” e denunciou o desrespeito à segurança de trabalhadores humanitários. Para entidades internacionais, o bloqueio agrava uma situação já crítica e representa uma violação do direito internacional humanitário.
Tel Aviv alega que o Hamas desvia parte dos suprimentos para manter suas operações, justificando o cerco. A facção nega a acusação. Enquanto isso, a cidade de Rafah, ao sul do território e anteriormente considerada um dos últimos refúgios para os deslocados, está agora completamente ocupada pelas forças israelenses. O avanço militar sobre áreas previamente designadas como seguras está concentrando a população civil em regiões cada vez menores, intensificando a crise humanitária.
Israel afirma que as operações fazem parte da fase final da guerra, com o objetivo de eliminar o Hamas e recuperar os reféns.