O Ministério Público de São Paulo denunciou Maicol Santos, de 26 anos, pelo assassinato de Vitória Sousa, adolescente de 17 anos, morta no fim de fevereiro em Cajamar, na Grande São Paulo. A Promotoria o acusa formalmente por sequestro qualificado, feminicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual. A prisão temporária já em vigor pode ser convertida em preventiva, o que impediria sua soltura. A pena máxima prevista em caso de condenação é de 50 anos de prisão.
De acordo com a investigação, Vitória foi abordada após sair do trabalho e, dias depois, teve o corpo encontrado em uma área de mata com sinais de violência e perfurações causadas por faca. Exames periciais confirmaram que o sangue encontrado na casa e no carro de Maicol pertenciam à vítima.
O promotor responsável pelo caso, Jandir Moura Torres Neto, afirma que o crime foi cometido por Maicol sem a participação de terceiros. No entanto, a Promotoria solicitou a abertura de um novo inquérito após a perícia detectar material genético de outro homem não identificado no veículo usado para transportar o corpo da jovem.
Maicol está preso desde 8 de março. Ele confessou o crime em vídeo gravado na delegacia, alegando que matou Vitória durante uma discussão após ameaças da jovem de revelar à esposa o relacionamento entre os dois. Segundo ele, a faca usada estava no carro e foi utilizada após uma suposta agressão por parte da vítima. Em seguida, ele teria ocultado o corpo na mata.
A defesa, no entanto, contesta a confissão. Os advogados alegam que o depoimento foi feito sob coação e sem assistência jurídica. Um áudio divulgado posteriormente mostra o acusado afirmando que foi ameaçado para admitir o crime. A defesa tenta invalidar a confissão e, por esse motivo, não autorizou sua participação na reprodução simulada do crime.
A reconstituição foi realizada no dia 24 de abril pela Polícia Técnico-Científica, com base em imagens de câmeras de segurança, depoimentos de testemunhas e declarações do acusado. A simulação incluiu o trajeto da vítima desde o ponto de ônibus onde foi vista pela última vez até a casa de Maicol e a área de mata onde o corpo foi deixado.
A Promotoria classificou o sequestro como qualificado por ter sido praticado contra menor de 18 anos com finalidade libidinosa. O feminicídio foi enquadrado como qualificado por motivo fútil, meio cruel, menosprezo à condição de mulher e pela impossibilidade de defesa da vítima. Já as acusações de ocultação de cadáver e fraude processual referem-se às tentativas de apagar vestígios do crime, como a limpeza de sangue e a exclusão de dados no celular.