Avanços na criopreservação de óvulos e embriões

Evolução das técnicas de congelamento garante mais segurança, qualidade e eficácia para mulheres e casais que desejam preservar a fertilidade

Congelar óvulos ou embriões é uma possibilidade para mulheres e casais que querem ou precisam adiar a gravidez. Apesar de ser uma técnica disponível há décadas, a criopreservação evoluiu consideravelmente nos últimos anos. Se antes havia incerteza sobre a qualidade e viabilidade dos gametas congelados, hoje, com os avanços da reprodução assistida, o processo é seguro, eficaz e amplamente utilizado.

Óvulos e embriões: qual a diferença?

Os óvulos são os gametas femininos, assim como os espermatozoides são os gametas masculinos. Quando uma mulher opta pelo congelamento de óvulos, está preservando apenas suas próprias células reprodutivas. Esses óvulos poderão, no futuro, ser fertilizados com os espermatozoides do parceiro (ou de um doador) e formar embriões. Os embriões, por sua vez, são o resultado da fertilização, já contendo material genético do casal.

Técnicas modernas de congelamento: o que mudou

• Vitrificação – A vitrificação é a técnica padrão nas clínicas de reprodução assistida. Ao impedir a formação de cristais de gelo, que poderiam danificar as células, a vitrificação garante maior taxa de sucesso. Diferente do congelamento lento usado no passado, que apresentava baixas taxas de sobrevivência celular, a vitrificação permite que cerca de 90% dos óvulos de boa qualidade resistam ao processo de congelamento e descongelamento.

• Inteligência artificial – A IA já é aplicada na avaliação dos óvulos congelados. Softwares analisam os gametas e geram relatórios personalizados, com dados sobre a qualidade e estatísticas que estimam a chance de formação de embriões e até mesmo a probabilidade de gravidez.

Fertilidade após o câncer: congelamento de tecido ovariano

Mulheres diagnosticadas com câncer e que precisarão passar por tratamentos como quimioterapia e radioterapia têm hoje a opção de preservar sua fertilidade por meio do congelamento de óvulos ou até de fragmentos do ovário. A reimplantação do tecido ovariano após a cura do câncer pode restaurar a função hormonal e a ovulação. Centenas de nascimentos já foram registrados após esse tipo de procedimento, o que reforça sua eficácia e segurança.

O futuro: ovários e tecidos artificiais

Pesquisas em andamento desenvolvem estruturas biocompatíveis capazes de permitir o crescimento de folículos ovarianos — os chamados ovários artificiais. Ainda em fase experimental, essa tecnologia promete restaurar a fertilidade em mulheres que tiveram seus ovários removidos ou que passaram por menopausa precoce. A proposta representa um avanço notável no campo da engenharia de tecidos reprodutivos.

A criopreservação evoluiu muito e continua avançando graças à pesquisa científica de qualidade. Com novas tecnologias e abordagens, mulheres que desejam preservar sua fertilidade encontram hoje mais segurança, melhores resultados e mais liberdade para planejar o futuro reprodutivo com tranquilidade.

Dra. Fabia Vilarino – CRM 105234
Ginecologista especialista em Reprodução Assistida
RQE 72263 | 722631 | 722632