A vanguarda da conquista da Groenlândia pelo futuro governo Trump já desembarcou: Trump Jr., o filho do presidente eleito, pousou no aeroporto Nuuk.
“Ele não estava acompanhado por funcionários com pastas, mas por influenciadores que filmaram enquanto corriam pela pista coberta de gelo”, descreveu o jornal dinamarquês Politiken. “E quando chegou no Porto Colonial, junto à estátua de Hans Egede, símbolo da colonização da Groenlândia, ele não fez um discurso, mas tirou uma selfie. ”
O Politiko continua sua descrição da primeira incursão de Trump na Groenlândia, publicada em sua primeira página: “Aqui (ao lado da estátua), ele também não leu um documento oficial, mas mostrou um pouco de sabedoria da Wikipédia, dizendo que a Groenlândia começou com a chegada de Hans Egede em 1721! ” 
O jornal interrompeu a descrição da incursão vanguardista de Trump Jr. para falar de seu pai: “O que normalmente é feito via diplomacia já não se aplica. Onde normalmente se tem controle sobre todos os detalhes ao lidar com todos os povos do mundo, mesmo em visitas não oficiais, não existem regras para lidar com um presidente que age como Trump. Também não há regras para lidar com as visitas privadas dos filhos dos novos presidentes e de seus influenciadores num ambiente político altamente carregado como o da Groenlândia”.
A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, deixou claro, numa entrevista à TV2, em Copenhague, que “é a Groenlândia que decide quando se tornará independente. “A Groenlândia pertence aos groenlandeses” e apenas sua população poderá determinar o próprio futuro. O primeiro-ministro da Groenlândia, Múte Egede, também afirmou que “a ilha não está nem estará à venda”.
A Groenlândia já abriga bases aéreas americanas desde 1950. É um local estratégico entre os Estados Unidos e a Europa. E possui grandes depósitos de minerais, como carvão, ferro, diamantes, ouro, platina, nióbio, chumbo, zinco e urânio. Mas Trump quer, como declarou, apenas “proteger o mundo livre”, tomando conta da Groenlândia e, também, do canal do Panamá e do Canadá.
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Chegou a Israel soldado que fugiu do Brasil
O soldado israelense que fugiu do Brasil antes que fosse preso, acusado de crimes de guerra em Gaza, chegou na manhã desta quarta-feira a Israel. “Acordei de manhã (no domingo), abri o telefone e, de repente, vi oito ligações – do Ministério das Relações Exteriores, dos meus irmãos, da minha mãe, dos cônsules”, contou Yuval Vagdani, 21, à rádio pública.
O soldado Vagdani estava na praia do Morro de São Paulo, na Bahia, numa “viagem dos sonhos”, preparada durante quatro anos. Enquanto servia em Gaza, ele postou uma selfie. A Fundação Hind Rajab (nome de uma criança de seis anos morta na guerra) copiou a postagem de Vagdani, como as de muitos outros soldados, e o denunciou por arrasar um quarteirão inteiro, pedindo que o Brasil o investigasse.
“Senti como uma bala no coração”, disse Vagdani. Ele foi contrabandeado para a Argentina, de onde embarcou para Israel com uma conexão em Miami. À rádio israelense ele ainda contou que “aprendeu com seus erros”, as postagens em mídias sociais, e que “não vai voltar ao Brasil novamente”. O Itamaraty informou que o chanceler Gideon Saar enviou instruções ao consulado e à embaixada de Israel para acompanhar o soldado até sua saída para a Argentina.
A Fundação Hind Rajab, com sede em Bruxelas, pró-palestina, disse que o soldado Vagdani explodiu um prédio que estava sendo usado como abrigo para palestinos deslocados. Como prova, informou ter um dossiê com 500 páginas. No sábado, ela postou na plataforma X um aviso de que o soldado iria escapar, se não fosse preso até o amanhecer.
Vagdani disse que postou apenas uma foto com uniforme em Gaza. Ele estava no festival de música Nova atacado pelo Hamas, em 7 de outubro de 2023, e sobreviveu depois de correr vários quilômetros. Outros 360 jovens que passaram a noite dançando e cantando foram mortos e 250 levados para Gaza como reféns. A rádio Kan noticiou que nenhuma das acusações da Fundação Hind Rajab. Uma investigação do exército concluiu que a criança que dá nome à fundação morreu numa área em que não havia tropas israelenses, nem combates.
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Trump ameaça transformar Canadá no 51º estado dos EUA e provoca reações
Só o Canadá está levando a sério as ameaças de Trump em transformá-lo no 51º estado americano (vejam as capas dos jornais canadenses desta quarta-feira, 8).
As outras ameaças do mundo paralelo de Trump não parecem tão ameaçadoras às suas vítimas a ponto de provocar uma reação como a canadense. Exemplos: a Groenlândia, que seria comprada, embora não esteja a venda; o Canal do Panamá, que seria tomado a força se não devolvido aos EUA; o Golfo do México, rebatizado de Golfo da América; e o inferno desabando sobre a já infernal Gaza, se os reféns israelenses não forem devolvidos até 20 de janeiro.
Trump, a celebridade do pós-verdade, segundo a revista britânica The Economist, está reconstruindo seu reino da fantasia. Aqui, ele não perdeu a eleição passada para Biden, não cometeu abuso sexual contra nenhuma mulher, não incitou a insurreição que atacou o Capitólio em 6 de janeiro, não fraudou declarações de renda, e o ex-presidente Barack Obama é mesmo o fundador do Estado Islâmico. Basta parecer verdade, para ele, para se tornar verdade.
Os eleitores o sabem mentiroso, e a maioria o elegeu para um segundo mandato. E agora, com as principais mídias sociais seguindo o X, de Elon Musk (211 milhões de seguidores), sem mais checagem de dados, Trump (97 milhões no X e 8,5 milhões no Truth Social, vai reinar no seu mundo da fantasia sem se importar com a mídia tradicional, sangrando leitores e perdendo a relevância.
Certo está o porta-voz do Kremlin, Dmitry Kiselyov: “A era do jornalismo neutro passou; o que você seleciona do imenso mar de informações já é subjetivo.”
Capas de Jornais Canadenses – Quarta-feira (8)
