A gigante da mídia social Meta, mãe do WhatsApp, Facebook, Threads e Instagram, anunciou o fim da verificação de fatos em suas plataformas, que críticos equiparavam à censura, e vai “restaurar a liberdade de expressão”. O anúncio, em tom de mea culpa, foi feito pelo CEO Mark Zuckerberg, em vídeo postado nesta terça-feira. (Mea culpa: a Meta suspendeu Trump de suas plataformas em 2021 e o reintegrou em 2023).
Zuckerberg também atacou “decisões secretas” de tribunais latino-americanos, uma referência que provavelmente inclui o STF, no Brasil: “Países da América Latina têm tribunais secretos que podem ordenar que empresas removam conteúdos de forma silenciosa”. Ele espera que o governo americano entre no combate ao Judiciário na região.
“Vamos voltar às nossas raízes e nos concentrar em reduzir erros, simplificar nossas políticas e restaurar a liberdade de expressão em nossas plataformas (…) Mais especificamente, aqui está o que vamos fazer. Primeiro, vamos nos livrar dos verificadores de fatos e substituí-los por notas da comunidade semelhantes a X, começando nos EUA.”
Não há dúvida de que Zuckerberg está preparando a Meta para a segunda presidência de Donald Trump, com quem jantou em Mar-a-Lago em novembro e a quem deu um milhão de dólares para a cerimônia da posse, em 20 de janeiro. No vídeo, ele o confirmou: “As recentes eleições também parecem um ponto de inflexão cultural para mais uma vez priorizar o discurso.” Mudanças práticas também o confirmaram: ele contratou o republicano Joel Kaplan como diretor de assuntos globais e Dana White, aliada de Trump, para seu conselho de administração.
O presidente eleito Trump está de bem com o Vale do Silício para seu segundo mandato, ao contrário do primeiro. Uma via sacra dos CEOs da Apple, Google, Microsoft e da Amazon, entre outros, foram visitá-lo depois de eleito. Em alguns dos encontros, estava Elon Musk, do X (ex-Twitter), Tesla, Starlink e, agora, membro do novo governo.
O fim da checagem de informações vai começar pelos EUA, implementada progressivamente. Será igual ao Community Notes, do X. Os usuários é que farão a curadoria, adicionando notas, ao que considerarem notícia falsa. Os checadores que deixarão a Meta são The Associated Press, ABC News e o site de verificação de fatos Snopes.
A decisão da Meta pode criar um conflito com o STF, no Brasil, e com reguladores na Europa, onde está sob investigação por falha em agir contra a desinformação e publicidade enganosa.
__________________________________________________________________________________________________________________________
Morre Jean-Marie Le Pen, aos 96 anos
Morreu Jean-Marie Le Pen, 96, pai da extrema-direita da França e de Marine Le Pen, que o sucedeu como líder da Frente Nacional, em 2011. Ele concorreu cinco vezes à presidência francesa, uma vez chegando em segundo lugar. A filha foi derrotada em três eleições, mas na última, em 2022, vencida pelo presidente Macron, alcançou 41,5% dos votos, e está crescendo segundo sondagens de opinião pública.
Jean-Marie morreu num hospital em Garches, a oeste de Paris, no segundo ataque cardíaco em um ano. Ele era contra judeus, árabes, muçulmanos e outros imigrantes — em prol do “francês puro”. Com a saúde frágil, um tribunal francês deu aos três filhos, dos quais Marine é a caçula, o direito de decidir em seu nome.
__________________________________________________________________________________________________________________________
Imprensa francesa relembra 10 anos do atentado à redação do Charlie Hebdo
A imprensa francesa lembra os dez anos do atentado terrorista dos irmãos Saïd e Chérif Kouachi à redação da revista satírica Charlie Hebdo, que deixou 12 mortos, chocando a França e o mundo.
Os irmãos Kouachi invadiram a reunião de pauta do Charlie Hebdo disparando e gritando Allahu Akbar (Deus é o maior). Depois, acrescentaram: “Vingamos o Profeta Maomé”, do qual a revista publicava caricaturas.
O terror não acabou aí: no dia seguinte, um cúmplice dos irmãos Kouachi, Amedy Coulibaly, matou uma policial, e depois, em 9 de janeiro, invadiu o supermercado judeu Hyper Cacher, na porta de Vincennes, onde mato mais quatro e fez vários reféns.
Os irmãos Kouachi foram mortos numa gráfica a 35 quilômetros de Paris, onde se refugiaram. E Coulibaly, dentro do supermercado. Os três deixaram um saldo de 17 mortos. Em 2020, um paquistanês com uma faca de açougueiro foi ao endereço ao Charlie Hebdo e feriu na rua duas pessoas. A revista tinha se mudado para um endereço secreto por continuar recebendo ameaças terroristas.