A atividade física é essencial para promover qualidade de vida em todas as faixas etárias, sendo fundamental o fortalecimento adequado dos músculos do ombro. Contudo, exageros nos exercícios – especialmente na musculação e nos treinos funcionais – podem frequentemente causar lesões nos ombros. Muitas dessas lesões poderiam ser evitadas com a prática de exercícios sob orientação e supervisão de profissionais capacitados, como professores de educação física, instrutores ou fisioterapeutas. Infelizmente, isso nem sempre ocorre.
O ombro é uma das articulações mais impactadas durante exercícios de membros superiores, e o número de lesões nessa região tem aumentado significativamente nas academias. Entre as principais causas estão:
- Excesso de carga e repetições;
- Postura inadequada e técnica incorreta;
- Ausência de períodos de recuperação entre os treinos;
- Falta de orientação em alongamentos e aquecimentos apropriados.
Esses fatores sobrecarregam as articulações do ombro, podendo causar lesões e tendinites, especialmente no manguito rotador.
Outra prática comum que contribui para lesões é a padronização de séries e repetições, sem considerar as particularidades de cada indivíduo. Esse método ignora o princípio da individualidade biológica, essencial no treinamento desportivo para evitar danos. Estudos mostram que mais da metade das pessoas com lesões nos ombros treinavam sem a orientação de profissionais especializados, como educadores físicos ou especialistas em biomecânica. A falta de acompanhamento pode influenciar tanto a ocorrência quanto a reincidência dessas lesões.
Algumas das lesões mais frequentes no ombro, como bursite, tendinite do manguito rotador ou danos associados a esporões ósseos, estão relacionadas ao impacto repetitivo dos tendões durante exercícios. Movimentos como elevações constantes de peso ou exercícios de supino com carga excessiva, especialmente os inclinados, podem causar luxações e danos na articulação acrômio-clavicular, localizada entre a escápula e a clavícula.
Esses danos podem resultar em:
- Inflamações e dores crônicas;
- Desenvolvimento de artrite;
- Desgaste progressivo que pode levar à artrose, causando dor durante os exercícios ou até mesmo ao dormir sobre o ombro afetado.
Dores ou desconfortos contínuos, em crises, ou associados à atividade física devem ser avaliados por um médico ortopedista especializado em lesões do ombro. A análise deve incluir:
- Exame físico detalhado;
- Exames de imagem;
- Avaliação biomecânica dos exercícios e análise das cargas e repetições.
O tratamento pode envolver:
- Medicamentos;
- Terapias analgésicas e acupuntura;
- Fisioterapia;
- Intervenção cirúrgica, se necessário.
Após o tratamento, os exercícios devem ser ajustados e realizados com acompanhamento profissional para prevenir novas lesões.
Os treinos regenerativos são aliados importantes na recuperação. Eles permitem uma recuperação ativa, sem a necessidade de suspender completamente a prática de atividades físicas. Por exemplo, durante a recuperação de uma lesão no ombro, é possível intercalar o treino habitual com caminhadas ou exercícios na bicicleta ergométrica.
A atividade física deve ser um sinônimo de bem-estar, nunca de dor. Exercícios regulares e realizados de forma controlada são essenciais para a qualidade de vida e a longevidade. Cuidados simples, como a orientação de profissionais e a atenção aos sinais do corpo, podem garantir uma prática segura e benéfica para os ombros e o organismo como um todo.
Dr. Helio Pires Leal – CRM 54575 SP RQE Nº: 14083
Ortopedista do Hospital Sírio-Libanês, especializado em ombro e cotovelo