O governo da Ucrânia solicitou ajuda ao Brasil para garantir a participação do presidente russo, Vladimir Putin, em uma reunião com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, marcada para quinta-feira (15), em Istambul, na Turquia. O encontro foi proposto por Moscou como parte de uma tentativa de retomar negociações diretas para encerrar o conflito iniciado em 2022.
O pedido foi feito nesta terça-feira (13) pelo vice-chanceler ucraniano, Andrii Sybiha, em conversa telefônica com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira. Segundo Sybiha, Kiev espera que o Brasil utilize sua boa relação com Moscou para assegurar que Putin participe pessoalmente da reunião. O Itamaraty confirmou o contato e reiterou a defesa brasileira por uma solução negociada.
Apesar de a Rússia ter manifestado interesse em retomar o diálogo, o Kremlin ainda não confirmou a presença do presidente no encontro. Há a possibilidade de que representantes sejam enviados no lugar de Putin, o que foi rejeitado por Zelensky, que insiste em uma reunião direta entre os dois líderes.
O pedido ucraniano ocorre meses após declarações públicas de Zelensky descartando o Brasil como mediador no processo de paz. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a se reunir com Putin em Moscou nesta semana e, segundo integrantes do governo brasileiro, defendeu a adoção de um cessar-fogo mais amplo na região.
Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, o Brasil tenta se posicionar como um possível interlocutor entre as partes, mas a relação com a Ucrânia ficou estremecida após críticas de Lula à condução do conflito por Zelensky. Em 2023, os dois líderes não se encontraram durante a passagem do ucraniano pelo Brasil, e houve troca de declarações públicas que reduziram o papel brasileiro nas negociações internacionais.
Se confirmado, o encontro em Istambul será a primeira reunião presencial entre os presidentes da Rússia e da Ucrânia desde o início da invasão russa.
Laura Basílio sob supervisão de Denise Bonfim.