O presidente Donald Trump pediu a “rendição incondicional” do Irã e disse que “nós temos:” o total controle do espaço aéreo iraniano. O “nós” foi interpretado em Israel como um indício de que os Estados Unidos devem se juntar à guerra para destruir a capacidade nuclear do Irã, com a ressalva de que são israelenses os pilotos, a estratégia, as informações do serviço secreto e até inovações incorporadas aos aviões americanos.
Trump escreveu em sua plataforma Truth Social: “Sabemos exatamente onde o chamado Líder Supremo está escondido. Ele é um alvo fácil, mas está seguro lá — não vamos eliminá-lo (matar!), pelo menos não agora. Mas não querermos mísseis disparados contra civis ou soldados americanos. Nossa paciência está se esgotando”.
Longe de se importar com o “nós”, que Trump sempre usa em causas vitoriosas, apossando-se delas, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu quer a GBU-57, a bomba que penetra 60 metros no solo, para destruir o urânio enriquecido a 90 metros de profundidade na usina nuclear de Fordow. Seriam necessárias duas, uma seguindo o buraco aberto pela outra, e um avião B-2, ambos produzidos exclusivamente pelos EUA.
Ao sair da reunião do G7 em Alberta, no Canadá, na segunda-feira, Trump comentou com repórteres, no Air Force One, que estava querendo “algo melhor do que um cessar-fogo”. E ele acrescentou que não estava mais no clima para uma negociação com o Irã.
Desde o massacre do Hamas em 7 de outubro de 2023, os Estados Unidos apoiaram Israel defensivamente. Esta é a primeira vez na história, segundo o jornal Haaretz, que Israel pede que as forças americanas tomem parte numa operação ofensiva, bombardeando a usina nuclear de Fordow.
A hesitação de Trump é mais política do que militar. O Irã pode bloquear o fluxo global de petróleo, obrigando os EUA a envolver-se de novo numa guerra, quando ele prometeu o fim delas, durante sua campanha eleitoral. Agora, Trump está obcecado em ganhar o Prêmio Nobel da Paz.
Quando a reunião do Conselho de Segurança Nacional começou na Casa Branca, convocada por Trump, nesta tarde de terça-feira, os rumores de envolvimento militar dos EUA já circulavam em várias capitais europeias. O presidente da França, Emmanuel Macron, ainda na reunião do G7, no Canadá, perguntou: “Alguém pensa que o que foi feito no Iraque em 2003 (a invasão americana) tenha sido uma boa idéia?” Para ele, o Irã não deve ter uma bomba nuclear, Israel tem o direito de se defender, mas derrubar o regime iraniano só “pode significar caos”.