O conselho de administração dos Correios aprovou, recentemente, um pedido de empréstimo de R$ 20 bilhões em conjunto a um consórcio de bancos privados, contando com grandes nome como Banco do Brasil, BTG Pactual, Citibank, Safra e ABC Brasil. Essa medida tinha como objetivo reestruturar a empresa, que passa por uma grave crise financeira.
O recurso seria utilizado para pagar dívidas, fornecedores e, principalmente, financiar um plano de reestruturação, já que os Correios acumulam cerca de R$ 6,05 bilhões em débito.
Para que essa operação fosse realizada com o aval da União, o empréstimo precisava da garantia do Tesouro Nacional, ou seja, a instituição entra como fiadora da dívida. Essa aprovação é importante para diminuir os riscos para os bancos.
O Tesouro, por sua vez, nesta terça-feira (02), rejeitou a operação nas condições que foram propostas. Em nota, a entidade disse que o motivo é o valor alto da taxa de juros negociada. Os bancos pediam cerca de 136% do CDI, o que, com a Selic atual de 15% ao ano, resultaria num custo real de cerca de 20,4% ao ano.
A regra interna do Comitê de Garantias do Tesouro define um teto de 120% do CDI para operações com garantia da União, especialmente quando não há securitização da dívida e o prazo é longo. Por isso, com a recusa do aval, a diretoria dos Correios decidiu suspender a contratação do empréstimo.
O cancelamento dificulta gravemente os planos de reestruturação da estatal. Sem esse fundo de R$ 20 bilhões, os Correios terão intensa dificuldade de quitar as dívidas, que incluem pagamento de fornecedores, honrar compromissos e implementar as mudanças planejadas.
A empresa divulgou que irá continuar buscando alternativas para o empréstimo. Negociar com bancos por condições melhores de juros, ainda é uma opção. A recusa do Tesouro demonstra, por sua vez, a preocupação que o governo tem em evitar a sobrecarga financeira para a União. Nesse caso, se os Correios não pagarem, o aval cabe ao Tesouro.
A crise da empresa não é recente: a estatal acumula três anos seguidos de prejuízo. O problema combina queda de receitas com custos operacionais e trabalhistas elevados.
O plano de recuperação da empresa previa várias frentes: venda de imóveis, desligamentos voluntários, fechamento de algumas agências que não geram grande lucro, revisão de gastos, e, principalmente, adequação na nova forma e realidade de mercado. O empréstimo, por sua vez, era um “socorro imediato” para tornar esse plano viável.
Giulia Dardé sob supervisão de Gabriela Costa.