Vivemos tempos acelerados. Tudo muda o tempo todo: trabalho, amizades, amores. Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, chamou essa realidade de modernidade líquida — uma época em que quase nada é feito para durar. Isso inclui os relacionamentos, que se tornaram mais frágeis, superficiais e instáveis. Mas qual o impacto disso na nossa saúde mental?
Quando o amor é líquido, a mente se esgota
Na lógica do “amor líquido”, os laços humanos são como água: escorrem pelas mãos. Tudo é rápido, descartável. As pessoas se conectam pelas redes sociais, trocam mensagens, fazem encontros… e somem.
Essa falta de profundidade e constância gera ansiedade, solidão, medo do abandono e a sensação de que nunca somos suficientes. É como viver tentando ser aceito o tempo todo, com medo de ser deixado para trás.
Sintomas comuns da fragilidade nas relações:
- dificuldade em confiar nas pessoas
- medo de se apegar ou de ser rejeitado
- sensação constante de estar “sozinho, mesmo acompanhado”
- baixa autoestima alimentada por comparações nas redes sociais
- busca desesperada por validação externa
Amor sólido = segurança emocional
Bauman também fala sobre o amor sólido — aquele que resiste ao tempo, ao erro, à vulnerabilidade. Esse amor traz segurança, apoio e espaço para sermos quem realmente somos.
Relacionamentos sólidos fazem bem para a saúde mental porque:
- criam sentimento de pertencimento
- promovem confiança e acolhimento
- ensinam a lidar com frustrações e diferenças
- reforçam autoestima e estabilidade emocional
- levam em conta o sentido de unidade, é sobre ser “eu” antes de “nós”
Como cuidar da saúde mental num mundo líquido?
Não é fácil, mas é possível. Aqui vão algumas atitudes práticas:
- cultive vínculos reais: valorize quem está presente de verdade, que escuta e apoia
- viva no presente: não corra atrás do “melhor próximo”, valorize o que tem agora
- pratique o autoconhecimento: entender suas emoções ajuda a escolher melhor com quem se relacionar
- aprenda a conversar: resolver conflitos com diálogos francos fortalece os laços
- busque ajuda profissional: terapia não é fraqueza, é autocuidado
E você, consegue identificar o seu relacionamento atual ou o seu pretenso relacionamento? Foque no seu merecimento e assuma a responsabilidade pelas escolhas de hoje e futuras. Cada novo dia é uma oportunidade de: “mudar ou continuar onde está”.
Erika Damaso Ricci– CRP 06/84546
Psicóloga