A cidade de Kiev foi atingida por um dos maiores ataques aéreos desde o início da guerra, na madrugada deste sábado (24). A ofensiva da Rússia deixou ao menos 15 pessoas feridas, entre elas duas crianças, e provocou danos em prédios residenciais de seis distritos da capital ucraniana, segundo autoridades locais.
A ação combinou o uso de drones e mísseis balísticos. Segundo a Força Aérea da Ucrânia, foram disparados 14 mísseis e cerca de 250 drones de longo alcance contra alvos em todo o país, com foco principal em Kiev. O distrito de Obolon, ao norte da cidade, foi um dos mais atingidos.
Durante a madrugada, moradores relataram sucessivas explosões e sobrevoo de drones. Imagens registradas por jornalistas mostraram fumaça saindo de apartamentos em chamas enquanto bombeiros tentavam conter o fogo.
Entre os feridos, estão os filhos de Olha Kalina, de 42 anos, cujo apartamento foi atingido. “Eles me ligaram de madrugada dizendo que a varanda estava pegando fogo. Quando cheguei, estavam escondidos em um estacionamento, com os rostos cobertos de fumaça”, contou ela. A residência foi considerada inabitável.
Em pronunciamento nas redes sociais, o presidente Volodymyr Zelensky descreveu a noite como uma das mais difíceis enfrentadas pela população e voltou a pedir novas sanções internacionais. Segundo ele, a pressão econômica é a única forma de forçar o governo russo a aceitar um cessar-fogo. “Cada ataque como esse reforça que Moscou não tem interesse em encerrar a guerra”, declarou.
A ofensiva ocorre após uma série de ataques ucranianos com drones contra alvos dentro da Rússia, incluindo a capital Moscou. Ao todo, foram cerca de 800 incursões registradas nos últimos dias. Em resposta, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que o país irá reagir aos bombardeios.
Apesar da escalada, tanto Kiev quanto Moscou afirmaram que estão dispostos a retomar as negociações de paz, após um pedido do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Uma troca de prisioneiros realizada na sexta-feira (23) foi vista como um possível passo inicial, mas os dois lados continuam se acusando mutuamente de falta de compromisso com o diálogo.
O governo russo ainda não se pronunciou oficialmente sobre os ataques realizados durante a madrugada.
Laura Basílio sob supervisão