A usina Presidente Vargas, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), localizada em Volta Redonda (RJ), voltou ao centro das atenções após o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Rio de Janeiro recomendarem que o Ibama assuma a fiscalização do complexo. A medida escancara, segundo o comentarista Rodolfo Schneider, a incapacidade do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) em agir com firmeza diante das reiteradas infrações ambientais cometidas pela empresa.
Para Rodolfo, a situação é alarmante. Há anos, a CSN mantém uma gigantesca montanha de escória, resíduo da atividade siderúrgica, às margens do rio Paraíba do Sul, responsável por abastecer cerca de 80% da população fluminense com água potável. O comentarista afirma que, caso ocorra um acidente ambiental, o consumo de água em todo o estado pode ser comprometido.
Ele lembra que há um histórico de termos de ajustamento de conduta (TACs) firmados com o INEA, mas que, na prática, não resultaram em mudanças efetivas. “A fábrica continua operando normalmente, como se não houvesse obrigações ambientais a cumprir”, afirmou Rodolfo.
Segundo o Ministério Público, a CSN atua há décadas sem um licenciamento ambiental definitivo, renovando sucessivos TACs que não foram integralmente cumpridos. Mesmo diante de recomendações da própria Procuradoria Jurídica do INEA contra a prorrogação desses acordos, o órgão assinou, em 2024, um termo aditivo de 27 meses com a empresa.
Rodolfo questiona a leniência das autoridades estaduais. “É como se o INEA estivesse passando por cima das recomendações do Ministério Público e da sua própria equipe jurídica”, disse, cobrando explicações do presidente do instituto, Renato Jordão.
O comentarista reforça que não se trata de uma crítica à atividade econômica da CSN, mas sim à falta de comprometimento com o meio ambiente e à saúde da população. Um estudo realizado em 2022 com moradores de Volta Redonda apontou que mais de 80% dos entrevistados sofrem com doenças respiratórias crônicas, o que, segundo Rodolfo, escancara as consequências da poluição.
“A CSN divulga lucros bilionários, participa de eventos internacionais e segue poluindo o ar e a água de Volta Redonda. Enquanto isso, o INEA ignora pareceres técnicos e jurídicos, renova acordos sem fiscalização e compromete a saúde pública”, criticou.
Por fim, Rodolfo Schneider afirma que o papel do Ibama é essencial, mas não deveria ser necessário: “O que se espera de um órgão ambiental estadual é que ele atue com rigor, e não como conivente. Se o INEA não age, o mínimo é que o Ibama entre em cena. Mas é vergonhoso que isso ainda precise ser recomendado.”
*Esse texto não reflete necessariamente a opinião da BandNews TV