O presidente ucraniano classificou, nesta quarta-feira (12), como “positiva” a proposta de cessar-fogo dos Estados Unidos. O acordo, já aceito pela Ucrânia, prevê uma trégua de 30 dias na guerra de mais de três anos do país contra a Rússia. Os termos foram discutidos na terça-feira (11), durante uma reunião de mais de oito horas entre as delegações dos dois países em Jeddah, na Arábia Saudita.
Ainda sobre a trégua, Volodymyr Zelensky destacou que a iniciativa americana pode abrir o caminho para uma paz duradoura com Moscou. Segundo o presidente, a Ucrânia propôs ainda a possibilidade de troca de prisioneiros civis e militares, além da devolução de crianças ucranianas que foram levadas à força pela Rússia. Zelensky também acrescentou que a reunião ajudou a diminuir a tensão entre Estados Unidos e Ucrânia, depois da briga que ele teve na última semana com Donald Trump, na Casa Branca.
Com o avanço do acordo, o governo de Washington confirmou que estava retomando a ajuda militar e o compartilhamento de inteligência com Kiev. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, que participou das negociações, disse que o governo agora levaria a oferta à Rússia e que a bola está na quadra de Moscou.
Nesta manhã, o ministro das relações exteriores russo, Sergey Lavrov, disse em entrevista coletiva que o país não irá aceitar nenhuma proposta “que coloque vidas em risco”. Além disso, Lavrov afirmou que a Rússia só irá se manifestar depois que delegações dos dois países se reunirem para discutir os termos do acordo. Vale lembrar que a Rússia ainda não foi consultada pelos americanos sobre a proposta.
No que tange as negociações, o principal obstáculo das negociações é uma possível entrada da Ucrânia na OTAN, algo rejeitado pelo governo russo desde o início da guerra. Outro fator que pode dificultar as conversas entre os dois países é a ocupação russa em territórios ucranianos. Moscou busca manter as terras conquistas durante o conflito, e alega que parte da população possui o desejo de fazer parte da Rússia, devido a questões étnicas.
Por outro lado, uma reunião entre ministros da defesa e representantes da OTAN e da União Europeia será realizada em Paris nos próximos dias. A expectativa é que os representantes discutam as ações do governo russo durante e após o cessar-fogo.
Alexandre Mansano (sob supervisão de Beatriz Ferrete)
