A cantora, atriz e empresária Preta Gil morreu neste domingo (20), aos 50 anos, nos Estados Unidos, onde realizava um tratamento experimental contra um câncer colorretal. Diagnosticada em janeiro de 2023, ela passou por cirurgias e terapias no Brasil antes de buscar alternativas no exterior.
Preta estava internada em Washington desde maio, quando foi incluída em um protocolo médico alternativo. Antes disso, foi submetida a uma cirurgia de mais de 18 horas no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para a retirada de múltiplos tumores. O procedimento foi considerado de alto risco.
Em agosto de 2024, a cantora revelou que o câncer havia voltado em quatro regiões do corpo: dois linfonodos, o ureter e o peritônio. Apesar do agravamento, manteve postagens nas redes sociais, dividindo com fãs os bastidores do tratamento. “Minha chance agora está fora do Brasil”, disse em participação no “Domingão com Huck”.
Diagnóstico e progressão da doença
Preta foi diagnosticada com adenocarcinoma no intestino grosso. Iniciou o tratamento com quimioterapia e radioterapia e chegou a anunciar a remissão do câncer. No entanto, o quadro se agravou em 2024, exigindo novas internações. Em maio de 2025, iniciou tratamento no Virginia Cancer Institute, em Washington, e passou por exames no Memorial Sloan Kettering, em Nova York. A decisão de buscar atendimento fora do país veio após a conclusão de que todas as alternativas no Brasil haviam se esgotado.
Trajetória na música, TV e negócios
Filha de Gilberto Gil com Sandra Gadelha, Preta Maria Gadelha Gil Moreira estreou na música em 2003 com o álbum “Prêt-à-Porter”. A capa, em que aparecia nua, causou polêmica e marcou sua postura desafiadora aos padrões estéticos. Lançou ainda discos como “Preta” (2005), “Sou como sou” (2012) e “Todas as cores” (2017), com uma mistura de pop, funk, samba e MPB. Em 2009, criou o Bloco da Preta, um dos maiores do Carnaval do Rio.
Na TV, atuou em novelas como “Caminhos do Coração” e “Cheias de Charme”, além de séries e programas como o talk show “Vai e Vem”, no GNT. No cinema, esteve em filmes como “Billi Pig” e “Crô em Família”. Em 2017, cofundou a agência Mynd, focada em marketing de influência, música e inclusão.
Vida pessoal, ativismo e legado
Preta foi casada três vezes e teve um filho, Francisco, com o ator Otávio Müller. Também teve relações com Carlos Henrique Lima e Rodrigo Godoy — com quem se separou após descobrir uma traição durante o tratamento.
Declarada bissexual desde jovem, foi uma voz ativa na defesa da comunidade LGBTQIA+, no combate à gordofobia, racismo, machismo e intolerância. Tornou-se símbolo de empoderamento e liberdade.
Em agosto de 2024, comemorou 50 anos com uma grande festa no Rio e lançou sua autobiografia, “Preta Gil: Os Primeiros 50” (Globo Livros). No livro, refletiu:
“Vivi muitos altos e baixos. Não foi uma vida fake. Foi vivida com tudo de bom e de ruim. Enfrentei o preconceito de frente e aprendi a me afirmar em cada queda.”
Laura Basílio sob supervisão de Leticia Souza.