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Presidente do Corinthians, Augusto Melo admite derrota, mas não renuncia

Dirigente diz que “não entrego o cargo de mãos beijadas. Vou lutar até o fim pelo Corinthians”

Horas antes da votação que pode definir seu futuro no Corinthians, o presidente Augusto Melo reconheceu a provável derrota no Conselho Deliberativo, mas reafirmou que não deixará o cargo por vontade própria. “Não vou participar dessa palhaçada. Sei que eles são maioria. Mas não entrego o cargo de mãos beijadas. Vou lutar até o fim pelo Corinthians”, declarou em discurso nesta segunda-feira (26).

A fala ocorreu pouco antes do início da reunião no Parque São Jorge, marcada para decidir o primeiro dos quatro processos de impeachment abertos contra ele. No centro das acusações está o contrato com a casa de apostas VaiDeBet, que levou Augusto e outros três dirigentes a serem indiciados pela Polícia Civil por furto qualificado, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Apesar de evitar o termo “renúncia”, o presidente admitiu que sua permanência está por um fio: “Saio de cabeça erguida, missão cumprida. Sei que vou sair, mas ninguém nunca trouxe tanta receita como eu trouxe”, afirmou, citando contratos comerciais e melhorias estruturais realizadas durante sua gestão.

Veja o discurso completo

“O jogo não acabou, mas saio de cabeça erguida por enquanto, dizendo que fiz meu melhor. Tivemos erros e acertos, isso é normal. Mas eu falo de forma clara: saio do Corinthians, pelo menos por enquanto, com salários em dia há sete meses, com superavit, em um ano que tinha tudo pra dar certo.

Saio do Corinthians com um contrato de estacionamento que daria de 30 a 40% para o clube. Deixo um contrato pronto para o nosso CT, para o alojamento da base, sem o Corinthians gastar um real. E saio daqui muito feliz por mais um desafio.

O contrato da Adidas está pronto. Uma negociação maravilhosa, dentro dos valores de Barcelona, Real Madrid… Saio com mais de R$ 3 bilhões em receitas para o Corinthians. Deixo tudo pronto.

Espero que venha uma administração boa, porque o Corinthians está num patamar muito bom. Meu trabalho foi muito bem feito. Teria mais um ano, mas se esse é o desejo… A auditoria está feita, está nas mãos do Conselho Fiscal, e espero que a torcida cobre. Está comprovado que tem erro no balanço de 2023.

Peço desculpas se houve alguma falha. Amanhã tem um grande jogo e vou torcer pela vitória do meu clube, que é minha vida. Passei por desafios pesados. Precisava de alguém para dar esse pontapé, e eu dei. Ninguém nunca trouxe tanta receita para um clube como eu trouxe. Tive cinco meses de negociação com a TV e consegui. Saio de cabeça erguida, missão cumprida. O próximo presidente tem obrigação de dar sequência. Hoje o Augusto pode não ser lembrado, mas vão sentir saudade. Porque eu dei o pontapé para tudo isso.”

O jogo não acabou, mas saio de cabeça erguida por enquanto. Dizendo que fiz meu melhor. Tivemos erros e acertos, isso é normal. Mas eu falo de forma clara. Eu saio do Corinthians, pelo menos por enquanto, com salários em dia há sete meses. Com um superavit, um ano que tinha tudo pra dar certo.

O que acontece se Augusto Melo for impeachado?

Se a maioria simples dos conselheiros presentes votar pelo impeachment, Augusto Melo será afastado imediatamente. O comando do clube passa ao vice-presidente Osmar Stábile. Caso ele não possa assumir, o segundo vice, Armando Mendonça, assume interinamente.

No entanto, a destituição definitiva só ocorre se os sócios confirmarem a decisão em uma Assembleia Geral. O presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Jr., deve convocar a votação dos associados em até cinco dias após o afastamento — embora o estatuto do clube não defina um prazo exato para sua realização.

Se os sócios aprovarem o impeachment, o Conselho Deliberativo volta a se reunir para eleger um novo presidente, que assumirá até o fim do atual mandato, em dezembro de 2026. Caso essa substituição aconteça a partir de junho de 2025, o novo dirigente poderá concorrer a um mandato completo nas eleições seguintes.

Se, por outro lado, o impeachment for rejeitado pelos conselheiros nesta segunda-feira, o processo é arquivado e Augusto Melo segue na presidência normalmente.

Laura Basílio sob supervisão de Denise Bonfim.

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