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Por que tantos casais não conseguem engravidar — e o que pode ajudar de forma simples e acessível

Antes de partir para tratamentos complexos, vale entender os fatores que dificultam a concepção e conhecer soluções que podem fazer a diferença

Engravidar parece simples — e, para muitos, de fato é. Mas a realidade de milhões de casais ao redor do mundo mostra que conceber um filho pode ser um desafio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada seis pessoas em idade reprodutiva enfrenta algum grau de infertilidade ao longo da vida. No Brasil, estima-se que cerca de 15% dos casais tenham dificuldades para engravidar. A boa notícia é que, em muitos casos, ações simples e acessíveis podem aumentar as chances de concepção antes mesmo de partir para tratamentos mais complexos.

Infertilidade: quando é hora de ligar o sinal de alerta

Do ponto de vista médico, um casal é considerado infértil quando não consegue engravidar após 12 meses de tentativas regulares, sem o uso de métodos contraceptivos. Para mulheres com mais de 35 anos, esse prazo costuma ser reduzido para seis meses, já que o tempo exerce um impacto direto sobre a fertilidade feminina.

O erro mais comum é pensar que o problema está sempre na mulher. Estatísticas mostram que a causa é exclusivamente feminina em cerca de 30% dos casos, masculina em outros 30% e mista (ou sem causa aparente) nos 40% restantes. Por isso, o ideal é que tanto o homem quanto a mulher passem por avaliação médica. Exames simples, como o espermograma e o mapeamento hormonal, podem revelar muito — e muitas vezes apontar soluções eficazes e menos invasivas.

Lubrificantes de fertilidade e outros aliados pouco conhecidos

Para quem está nos primeiros meses de tentativa, algumas soluções discretas podem fazer a diferença. Um exemplo são os lubrificantes vaginais formulados especificamente para casais que estão tentando engravidar. Ao contrário dos lubrificantes comuns, que podem alterar o pH vaginal e prejudicar a mobilidade dos espermatozoides, os lubrificantes de fertilidade são compatíveis com o ambiente reprodutivo e ajudam a facilitar a chegada dos espermatozoides ao útero.

Esses produtos são vendidos sem prescrição médica, têm custo acessível e podem ser um recurso interessante para casais saudáveis que desejam melhorar as condições naturais para a concepção. Além disso, apps de monitoramento do ciclo, testes de ovulação e até mudanças sutis na frequência das relações sexuais podem ajudar a “acertar o alvo” nos dias mais férteis.

Como o estilo de vida influencia a fertilidade

Além das questões médicas, o estilo de vida moderno tem contribuído para o aumento da infertilidade. Fatores como tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, estresse crônico, alimentação rica em ultraprocessados e exposição constante a poluentes ambientais afetam tanto a qualidade dos óvulos quanto a dos espermatozoides.

Fazer pequenas mudanças pode gerar grandes resultados: parar de fumar, reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, dormir bem, praticar atividade física regularmente e investir em uma dieta balanceada — rica em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras boas — são atitudes que beneficiam o corpo como um todo e também aumentam as chances de uma gravidez natural.

Além disso, cuidar da saúde mental é fundamental. A ansiedade relacionada à tentativa de engravidar pode, paradoxalmente, atrapalhar o processo. Buscar apoio emocional, seja por meio de terapia, grupos de apoio ou momentos de relaxamento, é uma peça importante no quebra-cabeça da fertilidade.

Nem sempre engravidar é imediato — e isso não significa que há algo de errado. Entender o próprio corpo, adotar hábitos saudáveis e buscar orientação médica no tempo certo podem tornar o caminho mais leve e aumentar consideravelmente as chances de sucesso. Em muitos casos, o primeiro passo para vencer a infertilidade não está em um laboratório, mas em uma mudança simples, consciente e acessível.

Luiz Eduardo T. Albuquerque – CRM-SP 61351 / RQE nº 30799 – RQE nº 307991

Ginecologista, especialista em Reprodução Assistida e Diretor Médico do Centro de Reprodução Humana Fertivitro

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