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Parlamento do Irã quer barrar entrada da ONU no país

Congresso aprova suspensão de cooperação com agência da ONU que monitora programa nuclear

O parlamento do Irã aprovou nesta quarta-feira (25), a suspensão da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão ligado à ONU responsável por monitorar o programa nuclear do país. A medida ainda precisa ser validada por autoridades de instâncias superiores do governo iraniano, mas já gerou preocupação internacional.

A proposta quer impedir que inspetores da AIEA tenham acesso às instalações nucleares iranianas. Até então, mesmo com restrições, o Irã permitia visitas técnicas da agência para monitorar parte de suas atividades atômicas. Agora, se a decisão for mantida, a fiscalização pode ser completamente interrompida.

Segundo o congresso iraniano, a decisão é uma resposta ao que considera ser uma atuação parcial da AIEA. O país acusa a agência de ter contribuído indiretamente para ataques israelenses recentes, ao publicar relatórios que apontavam irregularidades e vestígios de urânio em locais não informados oficialmente pelo Irã.

A AIEA já havia alertado que o país estava enriquecendo urânio em níveis muito acima dos permitidos para uso civil. O material chegou a 60% de pureza — bem acima do limite técnico de cerca de 14% usado para gerar energia elétrica. O enriquecimento em níveis elevados é considerado um passo importante no caminho para a produção de armas nucleares.

Apesar da decisão ter caráter mais simbólico neste momento — já que o parlamento iraniano não tem autonomia total sobre temas de segurança nacional —, o gesto foi interpretado como um sinal de endurecimento da posição do Irã.

O diretor da AIEA, Rafael Grossi, está em Paris, onde discute o caso com o presidente da França, Emmanuel Macron. A expectativa é de que ele se pronuncie oficialmente sobre o assunto nos próximos dias.

A tensão envolvendo o programa nuclear iraniano é uma das causas da recente escalada de confrontos entre Israel e Irã. O tema também entrou no radar da OTAN, que discute a necessidade de reforço nas políticas de segurança global, especialmente diante da aproximação entre Irã, Rússia e China.

Laura Basílio sob supervisão de João Vieira. 

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