Com o aumento da expectativa de vida, o número de mulheres idosas diagnosticadas com câncer — especialmente de mama, útero e ovário — também cresce. A idade, no entanto, não deve ser o único critério para definir o tratamento. Hoje, sabe-se que o mais relevante é o estado funcional da paciente: sua força física, cognição, nutrição, suporte social e presença de doenças crônicas.
A avaliação geriátrica ampla (AGA) tornou-se uma ferramenta central nesse contexto. Por meio dela, é possível entender de forma completa o perfil de saúde da paciente e, com isso, individualizar o plano terapêutico.
Abordagens mais seguras e eficazes
O tratamento oncológico em mulheres idosas prioriza equilíbrio entre eficácia e segurança. Algumas estratégias incluem:
- uso de terapias hormonais em tumores com receptores hormonais positivos
- retirada ou redução da radioterapia em tumores iniciais
- uso de medicamentos em vez de cirurgia em pacientes frágeis
- escolha de drogas com menor toxicidade, como terapias-alvo e imunoterapia
Essas condutas respeitam a capacidade de recuperação da paciente, evitando complicações e hospitalizações desnecessárias.
Cuidados paliativos integrados desde o início
Outro aspecto fundamental é a incorporação precoce dos cuidados paliativos. Longe de representar o fim do tratamento, eles auxiliam no controle de sintomas como dor, fadiga e ansiedade, além de oferecer suporte emocional, espiritual e familiar. Com isso, contribuem para uma jornada terapêutica mais leve, centrada no bem-estar e na dignidade da paciente.
Respeito, escuta e decisão compartilhada
Mais do que combater o câncer, a oncogeriatria valoriza o cuidado integral. Isso significa ouvir os desejos da paciente, considerar suas prioridades e decidir em conjunto com a família e a equipe médica. Para algumas, isso pode significar insistir em tratamentos intensivos. Para outras, pode ser mais sensato focar na manutenção da qualidade de vida.
Cada mulher tem uma história, uma realidade e um projeto de vida. A medicina moderna precisa, antes de tudo, reconhecer essa individualidade — e cuidar de forma ética, empática e personalizada.
Gustavo de Oliveira Bretas – CRM 52.111404-2
Oncologista e membro Brazil Health