Em mais uma tentativa de negociar o fim da guerra, a Rússia entregou nesta segunda-feira (2) à Ucrânia um memorando com suas condições para encerrar o conflito. A proposta, apresentada durante encontro entre as delegações dos dois países em Istambul, exige a cessão de cerca de 20% do território ucraniano e impõe limites ao Exército de Kiev. As exigências foram classificadas como inaceitáveis pelo governo ucraniano, que cobra a devolução das regiões ocupadas e garantias internacionais de proteção.
A entrega do documento ocorre um dia após os ataques mais intensos desde o início da guerra. Moscou lançou 472 drones contra cidades ucranianas, no maior bombardeio com esse tipo de armamento desde 2022. Em resposta, a Ucrânia atingiu bases militares russas com drones escondidos em caminhões, destruindo dezenas de aviões de guerra.
O que a Rússia exige
A proposta russa formaliza sete pontos principais para o cessar-fogo:
- Reconhecimento da soberania russa sobre as regiões de Crimeia, Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson;
- Retirada completa das tropas ucranianas dessas áreas;
- Realização de eleições gerais sob supervisão internacional;
- Redução das forças armadas da Ucrânia, com restrições a efetivo e armamentos;
- Proibição de armas nucleares no território ucraniano;
- Revogação mútua de sanções econômicas e reabertura das relações comerciais, incluindo fornecimento de gás;
- Comprometimento contra a Ucrânia na Otan.
O que a Ucrânia cobra
A delegação ucraniana confirmou o recebimento do memorando, mas indicou que não aceitará ceder nenhuma parte de seu território. O governo de Volodymyr Zelensky também apresentou suas demandas, que incluem:
- Cessar-fogo imediato e sem condições prévias;
- Devolução das crianças ucranianas levadas para a Rússia;
- Troca total de prisioneiros e devolução de corpos de soldados;
- Retirada completa das tropas russas do território ucraniano;
- Garantias de segurança com apoio internacional, incluindo a possibilidade de adesão à Otan.
Kiev também quer que as negociações avancem para uma reunião direta entre Zelensky e Vladimir Putin, proposta já recusada diversas vezes pelo governo russo.
Negociações seguem sem consenso
As conversas entre os dois países continuam sem sinal de acordo. Enquanto a Ucrânia reforça que não abrirá mão da integridade territorial, a Rússia insiste em manter o controle das regiões ocupadas como condição para a paz. A previsão é de que uma nova rodada de diálogo ocorra no fim de junho.
Apesar do impasse, as delegações chegaram a um entendimento para a troca de prisioneiros de guerra e corpos de soldados mortos. Estão incluídos no acordo combatentes com menos de 25 anos, feridos e doentes, além de 6 mil cadáveres de cada lado.
Laura Basílio sob supervisão de Thiago San.