Um argentino, um russo e um americano, os três também israelenses, serão libertados amanhã, em cumprimento ao acordo de cessar-fogo que o Hamas ameaçou retardar, no início da semana, mas voltou atrás ante ameaças de reinício da guerra por Israel e um “inferno em Gaza”, pelo presidente Donald Trump.
As violações que justificariam o adiamento de reféns foram negadas por Israel, que se comprometeu a entregar 60 mil casas pré-fabricadas e 200 mil tendas durante a primeira fase do acordo, que se encerra no início de março.
Em troca dos três reféns, amanhã, serão libertados 369 prisioneiros palestinos, 36 dos quais condenados à prisão perpétua. Até o fim da primeira fase do acordo ainda há 17 reféns, entre eles nove que se acredita estejam mortos. Para a segunda fase do acordo, a ser ainda negociada, ficaram 73 reféns, dos quais 35 confirmados mortos. Desde 7 de outubro de 2023, quando o Hamas invadiu Israel, mais de 47 mil palestinos foram mortos, entre eles crianças, mulheres e cerca de 19 mil combatentes, e 1.200 israelenses, no primeiro dia do ataque, e mais 550 até hoje, 15 meses depois.
O refém russo-israelense, Sasha Troufanov, 29, engenheiro da Amazon, foi sequestrado com a avó, a mãe e a namorada, já libertadas, no kibutz Nir Oz. Seu pai, Vitaly, foi morto no ataque. A família imigrou da União Soviética há 25 anos.
O americano-israelense Sagi Dekel-Chen, 36, foi quem deu o primeiro alarme da invasão do Hamas no kibutz Nir Oz. Confrontou os terroristas e foi capturado, contou o pai Jonathan Dekel-Chen, professor na Universidade Hebraica de Jerusalém.
O argentino-israelense Yair Horn, 46, será libertado amanhã, mas seu irmão Eitan, 38, continuará no cativeiro. Ele é conhecido por organizar as festas e dirigir o “pub” do kibutz Nir Oz, que perdeu ¼ de seus membros.
Quatro soldadas conhecidas por “olhos do exército”, porque vigiavam os palestinos em Gaza do alto de postos de observação, foram recebidas hoje pelo chefe das Forças de Defesa de Israel (FDI), general Herzi Halevi, que lhes pediu desculpas porque seus avisos de que algo estranho estava acontecendo do outro lado da fronteira, ensaios para a invasão, não terem sido levados em conta.
“Foi errado não levar a sério os avisos”, disse o general às quatro das cinco soldadas “olhos do exército” que passaram 15 meses sequestradas em Gaza – a quinta não pode participar do encontro. “Vocês demonstraram ser incríveis soldadas. Peço desculpas pelo que vocês experimentaram no cativeiro”. Os relatórios que elas enviavam foram desconsiderados por oficiais de inteligência. Informavam sobre treinamento do Hamas várias vezes ao dia, treinamento com explosivos e abertura de buracos ao longo da fronteira. Um dos motivos, segundo as soldadas: “sexismo”.