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Moises Rabinovici: visita indesejada no funeral de Nasrallah: Israel

Funeral de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah por 30 anos, marcado por tensões e declarações de Israel
Fonte: Reprodução/ foto do porta-voz militar de Israel

Israel fez questão de comparecer ao funeral do líder do Hezbollah por 30 anos, Hassan Nasrallah, que sua aviação matou com 82 bombas pesadas em seu esconderijo em Dahiyeh, subúrbio de Beirute, em 27 de setembro. Aviões israelenses sobrevoaram a baixa altitude o cortejo fúnebre, enquanto uma multidão gritava: “Morte à Israel, morte à América”.

Em Jerusalém, o ministro da Defesa declarou, como se fosse uma resposta: “Você se especializa em funerais, e nós nos especializamos em vitórias”.
Nasrallah estava enterrado, provisoriamente, ao lado do filho, Hadi, morto em 1997, em combate pelo Hezbollah. O funeral de domingo esperou a retirada de Israel do Líbano. Do Irã vieram o ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, e o presidente do Parlamento, Mohammad Bagher Ghalibaf, e uma pequena delegação do grupo iemenita Houthi. A procissão fúnebre partiu do estádio Camille Chamoun, lotado, com sua capacidade para 78 mil pessoas, embora um funcionário libanês tenha dito que havia 450 mil presentes.

Ao lado de Nasrallah, o outro caixão era de Hashem Safieddine, o sucessor que foi morto antes de assumir. A multidão de luto envolvia o caminhão, quando surgiram os aviões israelenses para deixar, segundo o ministro da Defesa Katz, uma mensagem clara: “Quem ameaça destruir Israel e atacar Israel, não sobreviverá”.

Nem o presidente libanês Joseph Aoun, nem o primeiro-ministro Nawaf Salam, seguiram a procissão. Ambos mandaram representantes.
O presidente Aoun disse à delegação iraniana, que recebeu antes do funeral, que o Líbano estava “cansado da guerra dos outros”, e que já havia pagado um preço alto pela causa palestina”.

O atual secretário-geral do Hezbollah, Naim Qassem, discursou no funeral, pela televisão, de um local não revelado. “A resistência não acabou”, ele disse, “a resistência ainda está presente e pronta” para enfrentar Israel. E prosseguiu:

“Vamos manter a confiança e seguir o caminho de Nasrallah, vamos defender a sua vontade. Você ainda está conosco, seu caminho e luta vivem dentro de nós”. E concluiu: “Não vamos nos submeter e não vamos aceitar a continuação de nosso assassinato e ocupação enquanto assistimos”. Para ele, os cinco pontos do sul do Líbano dos quais Israel não se retirou, violando o acordo de cessar-fogo, são uma “ocupação”, contra a qual o governo libanês está agindo diplomaticamente. Deixou uma ameaça no ar: “Escolhemos disparar quando achamos adequado e somos pacientes quando achamos adequado”.

Israel divulgou no domingo, coincidindo com o funeral em Beirute, imagens inéditas do enorme ataque aéreo de 27 de setembro que matou, além do líder Nasrallah, 20 comandantes do Hezbollah, incluindo o comandante da Frente Sul, Ali Karaki.

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Israel ao Hamas:

rendição ou guerra.Israel propôs ao Hamas a troca dos 620 prisioneiros que não libertou no sábado, em violação ao acordo de cessar-fogo, pelo retorno, hoje, “sem cerimônias”, dos restos mortais de quatro reféns, que está previsto para quinta-feira.

A 1ª fase do acordo de cessar-fogo terminará no domingo, sem que a 2ª fase tenha sido negociada. Um novo acordo para mais 42 dias de trégua e libertação de cerca de 60 reféns, dos quais pelo menos 30 estariam mortos, esbarra num impasse muito difícil de superar: deveria ser o fim da guerra, com a retirada total de Israel de Gaza, mas o governo israelense exige que a liderança do Hamas vá para o exílio, como foram Yasser Arafat e a OLP em Beirute, em 1982, e os combatentes entreguem suas armas.

A trégua pode continuar se o Hamas e Israel estiverem em negociações. O enviado especial do presidente Trump ao Oriente Médio, Steve Witkoff, volta à Jerusalém, Cairo, Doha e Riad na quarta-feira. Ele tentaria estender a 1ª fase do acordo, em princípio. O ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, está em Washington, há vários dias, debatendo alternativas possíveis.

O primeiro-ministro Netanyahu conta com o apoio do presidente Trump, que anunciou que o apoia em qualquer decisão que tomar. O grupo à direita da coligação que o sustenta é a favor da retomada da guerra, se o Hamas não se render. Mas as famílias dos reféns estão se manifestando pela libertação de todos os reféns, vivos ou mortos.

Witkoff e Dermer, em seus encontros nos EUA, concordaram que o Hamas não pode manter o controle de Gaza numa 2ª fase do cessar-fogo. Os negociadores egípcios afirmaram à agência Al-Araby Al-Jadeed, do Catar, que estão vendo “indicações positivas” para o reinício das negociações. Para eles, Trump quer evitar novos combates em grande escala em Gaza.

O porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, afirmou que “os prisioneiros devem ser libertados antes de qualquer discussão sobre a próxima fase”. Ele se referia aos 620 da troca de reféns da última rodada, que o primeiro-ministro Netanyahu resolveu adiar, violando o acordo de cessar-fogo. “A extensão da 1ª fase”, ele acrescentou, “depende do que está na mesa e das garantias de compromisso de Israel. Serão necessárias sérias garantias dos mediadores, e até mesmo dos EUA, porque Israel sempre se recusou a honrar os acordos que assina”.

Na quarta-feira, a família Bibas vai enterrar Shiri e os dois filhos pequenos, símbolo dos reféns de 7 de outubro, cujos restos mortais estão em Israel desde a semana passada. Cerimônias estão previstas em vários países, inclusive no Brasil. Os israelenses do setor privado foram dispensados de trabalhar pela manhã para acompanhar a procissão ao longo das estradas do sul do país até o cemitério Zohar, perto do kibutz Nir Oz, onde moravam quando foram sequestrados.

*Esse texto não reflete necessariamente a opinião da BandNews TV