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Moisés Rabinovici: Religiosos ameaçam derrubar Netanyahu

Aliança de partidos ultraortodoxos aguarda decisão sobre projeto de lei que convoca estudantes de seminários religiosos para servir no exército
Foto: BandNews TV/Reprodução

A ameaça de derrubar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu é a manchete de jornais israelenses desta quarta-feira (4). Mas, para saber se ela será executada, é preciso esperar uma semana, quando termina o prazo dos líderes dos partidos ultraortodoxos para que os estudantes de seminários religiosos não sejam convocados a servir o exército, por lei.

O projeto de lei que exime das forças armadas os “haredim” (judeus ortodoxos) está se arrastando no Parlamento há tempos sem ser aprovado. A aliança dos partidos que formam o Judaísmo Unido da Torah (UTJ) perdeu a paciência, deixou de falar com o primeiro-ministro Netanyahu e instruiu a sua bancada a introduzir uma lei para dissolver o Parlamento, na próxima quarta-feira (11).

A UTJ tem sete votos na coligação governamental. Se sair, deixará o governo com 61 dos 120 votos, capengando porém ainda no poder. Vai precisar do apoio da Federação Sefardita dos Guardiães da Torah, o Shas, que tem outros 11 votos, para promover novas eleições gerais em Israel.

Uma semana é muito tempo em Israel. E outras ameaças dos ultraortodoxos não foram cumpridas. Os religiosos sabem que, se derrubarem o governo, muito provavelmente não estarão representados no próximo formado por novas eleições, e seus jovens estudantes acabarão sendo convocados para a guerra, que tanto atiçam, mas da qual não participam.

O presidente da Comissão de Defesa e Relações Exteriores do Parlamento, Yuli Edelstein (Likud), foi acusado por ultraortodoxos de tratar “os estudiosos da Torah pior que os infiltrados da Eritréia”. Eles receberam a resposta de que são “traidores”, porque tentam derrubar o governo enquanto Israel está em guerra. Talvez Netanyahu sacrifique Edelstein, para retomar o diálogo com os religiosos.

A oposição acompanha atenta a prometida debandada da coligação pelos religiosos, preparando moções próprias para submeter ao Parlamento. Muitos acreditam que as ameaças não passem de blefe para pressionar Netanyahu, segundo declarações de vários políticos aos jornais desta quarta-feira (4).

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