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Moisés Rabinovici: Netanyahu abre crise interna em Israel

O primeiro-ministro nomeou um novo chefe para o serviço secreto interno israelense desrespeitando decisão da Corte Suprema
Reprodução: BandNews TV

Uma crise constitucional está aberta em Israel porque o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, nomeou um novo chefe para o serviço secreto interno israelense, Shin Bet, desrespeitando uma decisão da Corte Suprema que o proibiu de demitir, por “indevido”, “ilegal” e “conflito de interesse”, quem ocupa atualmente o cargo.

O líder da oposição Yair Lapid pediu ao nomeado para o serviço secreto interno, Shin Bet, o general David Zini, que recuse a nomeação. Se aceitar o convite, assumirá um dos cargos mais importantes de Israel contra a lei que terá o dever de assegurar.

Acontece que o premiê Netanyahu quer substituir o chefe do Shin Bet, Ronen Bar, por causa de investigações que o comprometem, como a do escândalo conhecido por CatarGate, que atinge assessores do gabinete suspeitos de receberem dinheiro do Catar, um país sem relações com Israel e financiador do Hamas para assistência humanitária em Gaza.

O primeiro-ministro escolheu um sucessor que lhe será leal, mesmo que o tenha rejeitado para outros cargos no passado. O serviço secreto não é uma função política em Israel. Ao contrário, só pode atuar se tiver total independência. A procuradora-geral do Estado, Gali Barahav-Miara, esclareceu que a nomeação do novo espião-chefe não pode ir adiante enquanto a Corte Suprema não concluir seu parecer sobre conflito de interesses que envolve o caso.

Netanyahu também está tentando demitir a procuradora Barahav-Miara. A demissão do atual espião-chefe foi suspensa pelos juízes da Corte Suprema. Mas ele anunciou que vai renunciar em 15 de junho. E a nomeação do sucessor surpreendeu, por desrespeito à lei, abrindo uma crise entre os poderes executivo e judiciário. A rádio do Exército noticiou que o comandante das Forças de Defesa de Israel (FDI), general Eyal Zamir, não foi consultado sobre a nomeação e só soube dela minutos antes de ser anunciada.

O general Zini, o nomeado, pertence à comunidade religiosa contra o serviço militar para os religiosos, chefia hoje a área de treinamento das FDI e iria para o Comando Norte, se não tivesse sido rejeitado pelo próprio Netanyahu, que também o recusou como assistente em seu gabinete, porque “muito messiânico”, segundo o jornal Haaretz. Quem o trouxe de volta, agora, foi a primeira-dama Sara Netanyahu.

O ministro da Justiça Yariv Levin desafiou também a Corte Suprema, elogiando a decisão do premiê Netanyahu como “corajosa, necessária e crucial”, e que “restaura, finalmente, a ordem democrática”.

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