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Moisés Rabinovici: Israel bombardeia o líder do Hamas e a paz de Trump

Ataque ocorre um dia antes de anúncio de fim da guerra em Gaza pretendido por Trump
Foto: Controller/Divulgação

Israel bombardeou o esconderijo do líder do Hamas e a esperança do fim da guerra em Gaza que o presidente Donald Trump pretendia anunciar no Catar, nesta quarta-feira.

A morte do comandante Muhammad Sinwar, o sucessor do irmão Yahya Sinwar, assassinado por Israel em Gaza, no ano passado, não foi confirmada pelo Hamas. Uma poderosa bomba, dessas que atingem bunkers no subsolo, foi disparada para o matar abaixo do Hospital Europeu, em Khan Yunis. Abriu uma cratera na superfície e deixou dez mortos, pelo menos, e cerca de 40 feridos.

A localização de Sinwar foi obtida pela agência de espionagem interna de Israel, o Shin Bet. Duas horas depois do bombardeio, a aviação israelense ressurgiu nos céus de Gaza, e atacou de novo o Hospital Europeu. O total de mortos subiu para 16, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

O momento do ataque é muito importante: um dia depois da libertação do refém americano-israelense Edan Alexander, e um dia antes de um anúncio de fim da guerra em Gaza pretendido pelo presidente Trump. O primeiro-ministro Netanyahu não teria outra escolha a não ser aceitar a paz americana, embora decidido a ampliar a guerra depois que Trump partir do Oriente Médio, na sexta-feira.

O ataque a Sinwar pode comprometer e retardar a pretensão dos EUA, porque ele, líder do Hamas, é quem deveria concordar em libertar os reféns e aceitar a proposta de Trump. Netanyahu enviou uma delegação à Doha para o que seria uma das últimas rodadas de negociações, mas avisou que continuaria a exercer pressão militar, para ele a única razão da libertação do ex-refém Alexander, descrita como um gesto de boa vontade do Hamas, sem contrapartida, troca por prisioneiros ou cessar-fogo.

Trump tem pressa; Netanyahu quer tempo. Se ele não tiver escolha que não a Paz Americana, sua coligação de extrema-direita o abandonará, deixando-o vulnerável a uma moção de censura no Parlamento. Ele também é réu em três processos de corrupção, e não quer perder a blindagem que o poder lhe oferece. Se mirou Sinwar para se manter no cargo e continuar a guerra, foi um golpe à altura da imaginação de Trump. Mas ele deve se preparar para uma resposta. Entre os dois há um distanciamento raramente observado nas relações entre Israel e EUA.

Três foguetes de Gaza e um míssil balístico dos Houthis, no Iêmen, foram disparados contra Israel, acionaram as sirenes que levaram milhares de pessoas para os abrigos antiaéreos, e foram abatidos ou caíram em áreas desertas. Na Arábia Saudita, Trump anunciou o desbloqueio das sanções à Síria, uma medida que terá impacto grande no Oriente Médio.

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