Os “portões do inferno” estão prestes a ser abertos em Gaza outra vez, ameaçou hoje o ministro da Defesa israelense Israel Katz, “se o Hamas não libertar reféns israelenses em breve”.
O problema é que Israel e Hamas defendem propostas inconciliáveis para manter a trégua de 42 dias encerrada no sábado.
O Hamas quer o cumprimento do acordo que previa, na segunda fase que já deveria ter sido negociada, a retirada israelense de Gaza e o fim da guerra de mais de 500 dias e 48 mil mortos. Israel quer apenas uma extensão do cessar-fogo por mais 42 dias, com metade dos reféns, vivos ou mortos, trocados por prisioneiros palestinos.
O acordo é impossível para o Hamas porque Israel exige que sua liderança vá para o exílio em algum país árabe, e seu exército, renovado, seja desarmado. Se o Hamas o assinar, será um suicídio. Como forma de pressão, Israel está impedindo, desde o domingo, a entrada de ajuda humanitária para Gaza.
“Retomaremos a luta”, continuou o ministro Katz. “O Hamas vai enfrentar as Forças de Defesa de Israel (FDI) com força e métodos que não conhece, até ser totalmente derrotado. Não permitiremos que Hamas governe Gaza”.
O jornal Times of Israel entrevistou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al-Ansari, país anfitrião dos negociadores egípcios, norte-americanos e israelenses. “No momento, há muitas ideias para manter o cessar-fogo”, ele disse. “Esperávamos que as negociações para a segunda fase do acordo fossem iniciadas. Mas isso não aconteceu (…) Desde que os dois lados estejam negociando, o cessar-fogo permanece”. A ideia é que Gaza possa viver o mês sagrado do Ramadã, e os israelenses a páscoa judaica, o Pessach, sem guerra. Ou seja: trégua até abril.
As famílias dos reféns tentaram entrar no Parlamento, mas foram impedidas por policiais. Houve luta, detenções e um desmaio. Ainda há 59 sequestrados, dos quais pelo menos 30 mortos. O Fórum dos Reféns quer a liberdade deles imediatamente, depois que os últimos libertados de Gaza contaram como sobreviveram ao cativeiro.
Em Haifa, hoje, um druso matou um homem de 70 anos a facadas e feriu quatro outros até ser morto pela polícia. Ele foi identificado como Jethro Shahin, de 20 anos, que saiu de um ônibus vindo da comunidade de Shfaram gritando Allahu Akbar (Deus é o maior”). A comunidade drusa, que convive com Israel, tomou distância do atentado, dizendo que o terrorista nasceu e viveu na Alemanha. O ministro da Segurança Nacional, Haim Katz, lembrou que as forças policiais e de emergência estão em “alta prontidão” porque o Ramadã é uma temporada de atentados terroristas.
*Esse texto não reflete necessariamente a opinião da BandNews TV