Uma nova rodada de troca de seis reféns israelenses por 600 prisioneiros palestinos, aí incluídos os relativos aos quatro restos mortais devolvidos ontem, está mantida para este sábado. O Hamas entregou hoje um caixão em que estaria a refém morta Shiri Bibas, confundida por outra não identificada pelos legistas do Instituto de Medicina Forense de Tel Aviv.
Os restos mortais dos dois filhos de Shiri — Ariel, 4 anos, e Kfir, 9 meses – foram reconhecidos por exames de DNA. Os legistas concluíram que eles teriam sido assassinados em novembro de 2023, por sufocação, e seus corpos, depois, brutalizados, para sustentar a versão de que um bombardeio aéreo israelense os matou, como informou o Hamas.
A indignação do governo israelense com a festa na entrega dos caixões em Khan Yunis na quinta-feira, e, depois, com a descoberta de que os restos mortais não eram de Shiri, elevou a tensão a ponto de se duvidar se o restante da primeira fase do acordo de cessar-fogo seria implementado. Além de mais seis reféns neste sábado, quatro mortos deverão ser entregues a Israel na quinta-feira.
O presidente Donald Trump liberou o primeiro-ministro Netanyahu a prosseguir no caminho que considerar mais apropriado: “Estou realmente bem com qualquer decisão que Israel tomar”, ele disse à Fox News. “Se deve negociar uma segunda fase do acordo de reféns de Gaza, ou retornar à guerra”. Sobre a morte das crianças, segundo a versão israelense, acrescentou: “É tão bárbaro… Você não imaginaria que algo assim aconteceria na era moderna. Aconteceu”. Depois, ainda lembrou: “Um grupo (de reféns) chegou tão ruim que parecia ter saído de um campo de concentração na Alemanha”.
A família Bibas não quer vingança. Em comunicado lido, afirmou que preferia a libertação de todos os reféns do que o reinício do combate. Assim se coloca também o Fórum dos Reféns, que mobiliza a maioria em Israel. Mas o dia do impasse está chegando. Enquanto a 1ª fase do acordo chega ao fim, não há negociações para uma 2ª fase, que deveriam ter começado na segunda-feira retrasada, quando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estava em Washington.
Alguns diplomatas dos países que negociam o cessar-fogo, como o Catar, o Egito e os Estados Unidos, veem como possibilidade uma extensão da 1ª fase, até a libertação de todos os reféns, hoje calculados em 60, muitos dos quais mortos. Netanyahu já afirmou que quer a deportação da liderança do Hamas em Gaza e o desarmamento de todos os combatentes. O plano de Trump, despovoando Gaza para criar uma Riviera do Oriente Médio, não é levado a sério, já rejeitado internacionalmente.
A Arábia Saudita promoveu um encontro entre o presidente do Egito, Abdel-Fattah El-Sissi, e representantes da Jordânia e Estados Árabes do Golfo, nos últimos dias, para discutir opções à Riviera do Oriente Médio, que serão apresentadas dia 27, na presença de todos os países árabes.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da BandNews TV