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Moises Rabinovici: Acordo de Israel e Hamas anunciado e desmentido

Apesar de anúncio otimista de Netanyahu e proposta parcial aceita pelo Hamas, Casa Branca considera resposta decepcionante
Reprodução: BandNews TV

O presidente Donald Trump está esperando “boas notícias” para acabar com a guerra em Gaza, que vai completar 600 dias na quarta-feira. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que espera “ter algo a anunciar, se não hoje, amanhã, em relação aos reféns”. E o Hamas anunciou a aceitação do plano parcial de cessar-fogo e libertação de reféns proposto pelo enviado especial da Casa Branca Steve Witkoff.

Trump vai esperar mais tempo. O próprio Witkoff apressou-se a explicar à imprensa que a resposta do Hamas a seu plano foi “decepcionante e totalmente inaceitável”. Assessores de Netayahu reduziram as expectativas criadas pela sua frase otimista, gravada em vídeo: “ele quis dizer que se não houver acordo hoje, continuaremos tentando”. O sentido de “amanhã” seria o de “em breve, no futuro”.

As redes de TV no Oriente Médio transmitiram o “acordo” do Hamas, que hoje são dois. O original, o “Plano Witkoff”, prevê um cessar-fogo temporário de 70 ou 60 dias em troca da metade dos reféns vivos (10) e metade dos mortos (19), e o início de substantivas negociações para a paz”. Outra proposta foi apresentada pelo mediador palestino-americano Bashar al-Khabbab, incluindo um cessar-fogo permanente, já rejeitada por Israel.

Todo o otimismo repentino restou reduzido a uma certeza: o presidente Trump quer o fim da guerra e está impaciente com o premiê Netanyahu, a quem pediu que não execute seu projeto de ocupar 75% de Gaza, com cinco divisões do exército israelense já mobilizadas. Mesmo limitando os ataques, Israel bombardeou, nesta segunda-feira, uma escola em Daraj, perto da Cidade de Gaza, matando 20 palestinos, inclusive mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. Com panfletos e postagens em árabe, o exército israelense ordenou a evacuação de toda a área de Khan Yunis, excluindo os hospitais Al-Amal e Nasser, sinal de novos ataques.

O premiê Netanyahu mandou voltar os negociadores de cessar-fogo e libertação de reféns de Doha, no Catar, no final de semana, mas os reenviou hoje para o Cairo, no Egito, onde haverá novas rodadas em busca de um acordo.

Hoje, dia de Jerusalém, que marca a reunificação da cidade durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, centenas de jovens religiosos de extrema-direita entraram no bairro muçulmano cantando “Morte aos Árabes” e “Vamos Queimar suas Aldeias”. Levaram bandeiras de Israel e encontraram pouca audiência para a anual provocação: os lojistas fecharam as portas e foram para casa. Os poucos que ficaram foram hostilizados, a polícia por perto para evitar excessos e um confronto com outro grupo de jovens, judeus e árabes do grupo Standing Together, que se organizou para um enfrentamento, que não ocorreu.

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