A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal no cérebro, cuja produção depende da exposição à luz. Quando há menos luz, a produção aumenta; quando há mais luz, ela diminui.
Na rotina atual, o grau de exposição à luz é muito intenso, e à noite reduzimos a produção de melatonina ao ficarmos vendo celular ou televisão na hora de dormir.
A solução mais simplista e óbvia seria repor a melatonina artificialmente com os inúmeros produtos que existem nas farmácias. O problema dessa atitude é que nenhuma dose consegue replicar a produção natural da glândula pineal. Se usarmos doses muito baixas, ela não funciona, e, se as doses forem muito elevadas, pode ocorrer uma espécie de ressaca, com sonolência no dia seguinte.
Com ajuste médico, é possível regular a dose próxima do ideal, já que o que é vendido nas farmácias costuma ter doses muito baixas. Entretanto, não basta repor apenas a melatonina: o mais importante é descobrir a causa da insônia. Existem várias possibilidades, como alterações hormonais (climatério, menopausa), ansiedade e estresse, aumento da frequência urinária devido a um pré-diabete ou diabete, problemas de próstata e apneia do sono, que pode provocar micro despertares ou perda da manutenção do sono.
Portanto, antes de indicar o uso de melatonina, o médico deve realizar várias avaliações, que vão desde aspectos comportamentais até exames bioquímicos e estudo do sono.
Existem dois tipos principais de insônia: a dificuldade para iniciar o sono e a mais complexa, chamada de despertar precoce — quando a pessoa acorda no meio da noite ou antes do despertador. Essa última costuma ser mais difícil de tratar.
Uma questão importante sobre o uso da melatonina é que, em alguns pacientes, ela pode causar efeitos indesejados, como piora da memória, sonhos em excesso, tremores e até ansiedade paradoxal.
Em resumo, a melatonina é um bom suplemento, mas seu uso deve ser avaliado individualmente por um médico especialista, que irá determinar se ela é necessária e qual a dose correta.
Vários estudos demonstram também que o melhor tratamento para a insônia é a chamada higiene do sono, que consiste em eliminar hábitos negativos que atrapalham o descanso. Esse método, inclusive, é considerado mais eficaz do que qualquer medicação para insônia.
Dr. Maurício Yagui Hirata
Endocrinologia e Metabologia – CRM-SP 59813 / RQE 088604
Membro do corpo clínico dos hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês
Afiliado à Endocrine Society, American Association of Clinical Endocrinology e European Society of Endocrinology