A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, deixou a Comissão de Infraestrutura do Senado nesta terça-feira (27), após ser alvo de declarações consideradas desrespeitosas pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM). O parlamentar afirmou que respeita Marina enquanto mulher, mas não enquanto ministra, o que levou à interrupção da sessão e à retirada da ministra.
O comentário foi feito logo no início da audiência. “Estou falando com a ministra, não com a mulher. A mulher merece respeito; a ministra, não”, disse o senador. Marina, então, relembrou ofensas anteriores feitas por Plínio, que em março declarou, durante uma CPI, ter vontade de “enforcá-la”, e solicitou um pedido formal de desculpas para seguir na reunião. Como não houve retratação, ela se retirou do plenário.
A sessão, que deveria tratar de temas relacionados à infraestrutura ambiental, foi marcada por tensão entre a ministra e parlamentares. O presidente da comissão, Marcos Rogério (PL-RO), também entrou em conflito com Marina e afirmou que ela deveria “se colocar no seu lugar”. A fala gerou reações de colegas, como a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que saiu em defesa da ministra.
Durante os debates, Marina também discutiu com o senador Omar Aziz (PSD-AM) sobre o projeto de pavimentação da BR-319, que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM) e enfrenta entraves ambientais. Aziz criticou a postura da ministra e afirmou que ela não era mais ética do que os demais presentes. Marina respondeu dizendo ser alvo recorrente de críticas e que a responsabilidade pela obra não recai apenas sobre sua gestão.
A ministra foi convocada para esclarecer a criação de uma unidade de conservação marinha na Margem Equatorial, área no litoral norte onde a Petrobras planeja explorar petróleo. Marina destacou que o processo está em debate desde 2005 e não inviabiliza os blocos previstos para prospecção.
Ela explicou ainda que o Ibama autorizou a realização de um teste de perfuração após avaliar a estrutura de resgate à fauna no município de Oiapoque (AP), etapa prévia à decisão final sobre a licença para exploração. O tema tem gerado divergências internas no governo, especialmente entre Marina e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Desde o início da atual gestão, a ministra tem sido alvo constante de críticas por parte de senadores da região Norte. No início de abril, parlamentares levaram essas insatisfações diretamente ao presidente Lula (PT), durante um encontro em Brasília.