Mãe de vítima do Ninho do Urubu se revolta com absolvição: “levamos eles com vida para lá e recebemos eles no caixão”

Justiça do Rio de Janeiro absolveu os sete réus envolvidos no processo sobre o incêndio que aconteceu em 2019
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A Justiça do Rio de Janeiro absolveu, nesta quarta-feira (22), todos os sete réus no processo sobre o incêndio no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, que causou a morte de dez adolescentes entre 14 e 16 anos em 8 de fevereiro de 2019.

A decisão afirmou que não há provas suficientes de participação direta dos acusados no incêndio, e ressaltou que ninguém pode ser responsabilizado criminalmente somente pelo cargo que ocupa, sem evidências concretas de uma ação ou omissão que tenha contribuído para a tragédia.

O episódio, causado por um curto-circuito no sistema de ar-condicionado em um dos quartos do alojamento dos atletas, voltou a gerar comoção entre familiares e advogados das vítimas. As audiências começaram em 2023 e, desde então, as famílias aguardavam uma resposta que considerassem justa. A decisão, porém, foi recebida com revolta.

Alba Valéria, mãe de Jorge Eduardo, uma das vítimas, descreveu em entrevista à BandNews TV o sentimento ao saber da sentença: “Ficamos sabendo pelo grupo dos pais e foi muito revoltante, deu nojo de ver essa sentença, porque a gente esperava justiça. Confiamos os nossos filhos naquele lugar, levamos eles com vida para lá e recebemos eles no caixão”. Em desabafo, ela completou que “tem prova maior do que a morte de dez sonhos?”.

A advogada da Alba, Paula Wolf, também criticou a decisão. Segundo ela, o resultado surpreendeu a equipe jurídica e reforça a sensação de impunidade. “Recebemos com muita indignação e com muita surpresa essa decisão. A gente estava muito seguro de que viria uma condenação, uma resposta para essas famílias”, declarou.

Paula destacou ainda que a fatalidade poderia ter sido evitada. “Foi uma tragédia anunciada. Houve sinais antes, não só pela forma precária que essas crianças estavam lá dentro. Só os fatos que ocorreram pouco antes da tragédia já anunciavam que algo ia acontecer e que essas crianças tinham que ter sido retiradas de lá”, afirmou.

A decisão ainda pode ser contestada pelo Ministério Público e pelas famílias das vítimas.

Laura Basílio sob supervisão de Thiago San.

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