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Jejum intermitente e envelhecimento saudável: o que a ciência já comprovou sobre longevidade

Prática ganha destaque por seus efeitos celulares e metabólicos, mas exige cuidado e orientação individualizada
Reprodução: BandNews TV

O jejum intermitente, que alterna períodos de alimentação com jejum, tem ganhado visibilidade por seus possíveis impactos positivos na longevidade e no envelhecimento saudável. Neste artigo, vamos desmistificar essa prática e apresentar o que a ciência já comprovou em termos de efeitos fisiológicos, benefícios, cuidados e contraindicações. 

O que acontece no corpo durante o jejum 

O jejum intermitente desencadeia uma série de adaptações metabólicas e celulares que podem influenciar diretamente o processo de envelhecimento. Entre os mecanismos mais relevantes estão: 

  • Autofagia – processo de renovação celular que remove componentes danificados, promovendo proteção contra o estresse oxidativo 
  • Melhora da sensibilidade à insulina – com a redução dos níveis de insulina, o organismo utiliza melhor a glicose, prevenindo doenças metabólicas 
  • Metabolismo energético – em jejum, o corpo utiliza gordura como fonte de energia, produzindo corpos cetônicos que podem beneficiar a saúde cerebral 
  • Regulação hormonal – impacta hormônios como insulina, glucagon, hormônio do crescimento e noradrenalina, favorecendo a preservação muscular e o uso de gordura como combustível 
  • Redução da inflamação e do estresse oxidativo – a restrição alimentar periódica pode diminuir a inflamação crônica, fator associado ao envelhecimento precoce e a diversas doenças 

O que mostram os estudos em humanos 

Pesquisas recentes indicam que o jejum intermitente pode promover benefícios concretos em marcadores metabólicos e inflamatórios, além de influenciar positivamente a composição corporal: 

  • Redução da glicemia e insulina em jejum 
  • Melhora da sensibilidade à insulina 
  • Queda nos triglicerídeos e colesterol LDL, e aumento do HDL 
  • Redução de marcadores inflamatórios 
  • Perda de peso, com ênfase na gordura visceral 
  • Preservação de massa magra, desde que haja ingestão adequada de proteínas 

Apesar dos resultados animadores, ainda são necessários estudos de longo prazo para confirmar o impacto direto do jejum intermitente sobre a longevidade humana. 

Quem deve adotar — e quem deve evitar 

O jejum intermitente não é uma estratégia universal. Sua eficácia e segurança dependem do perfil e das condições clínicas de cada pessoa. É fundamental que a prática seja orientada por um profissional de saúde qualificado. 

 Públicos que podem se beneficiar: 

  • Pessoas com sobrepeso ou obesidade 
  • Indivíduos com resistência à insulina ou diabetes tipo 2 (com supervisão médica) 
  • Adultos com hábitos alimentares equilibrados e rotina compatível com a prática 

Públicos que devem evitar: 

  • Grávidas e lactantes 
  • Crianças e adolescentes em fase de crescimento 
  • Indivíduos com desnutrição, imunossupressão ou baixo peso 
  • Idosos acima de 70 anos 
  • Diabéticos e hipertensos sem acompanhamento 
  • Pessoas com histórico de transtornos alimentares 
  • Indivíduos com hipoglicemia frequente 
  • Atletas de alta performance 

Cuidados fundamentais para uma prática segura 

  • Acompanhamento profissional para avaliar riscos, escolher o protocolo e fazer o monitoramento contínuo 
  • Manutenção da hidratação com água, chás e café sem açúcar durante o jejum 
  • Refeições nutritivas, com alimentos in natura, fibras e boas fontes de proteína 
  • Atenção aos sinais do corpo: mal-estar, fraqueza e hipoglicemia devem ser levados a sério 
  • Planejamento alimentar para evitar episódios de compulsão ou deficiências nutricionais 

Conclusão 

O jejum intermitente pode ser uma ferramenta promissora no contexto do envelhecimento saudável, especialmente por seus efeitos na autofagia, no metabolismo e na redução de inflamações crônicas. No entanto, seu uso exige responsabilidade. Não há solução única: a longevidade depende de escolhas consistentes, atenção ao corpo e, acima de tudo, orientação individualizada. 

 Dr. Vinicius Valença 

Médico pós-graduado em Nutrologia pela USP, especialista em Medicina do Estilo de Vida e fundador do Instituto VIV 

 

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