A um dia do segundo encontro entre EUA e Irã, sábado em Roma, o jornal New York Times noticiou que o presidente Trump vetou uma proposta israelense de bombardeio aos reatores nucleares iranianos, em maio.
Em 1981, Israel destruiu o reator nuclear iraquiano, Osirak, perto de Bagdá. Em 2007, a aviação israelense arrasou um reator nuclear sírio em Deir Ezzor, montado pela Coreia do Norte. Os dois ataques foram antecedidos por silêncio total dos então primeiros-ministros Menachem Beguin e Ehud Olmert. Já o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não perde uma chance de ameaçar o programa nuclear iraniano, e há anos.
“Eu não diria que vetei”, comentou o presidente Trump ao lado da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, a convidada desta quinta-feira à Casa Branca. “Não estou com pressa”, ele acrescentou. “O Irã pode ser um grande país e viver feliz sem mortes, e eu gostaria de ver isso. Essa é a minha primeira opção”. Ao final, ele ainda se gabou de ter retirado os EUA do acordo nuclear de 2015 com o Irã.
Sobrou para o primeiro-ministro Netanyahu explicar por que foi a Washington, de repente, quando visitava a Hungria, há duas semanas. Sentado ao lado do presidente Trump, ele fez o papel de avalista às negociações entre EUA e Irã. Se ele estava ali, aprovando diplomacia, não iria atacar. Nem redução do tarifaço a Israel ele conseguiu. E ainda ouviu que tinha que conversar com seu inimigo turco Recep Erdogan, sobre a Síria. O fracasso total do encontro às pressas na Casa Branca foi coroado hoje com o vazamento dos planos de ataque ao Irã, publicados no New York Times.
O Canal 12 israelense ouviu de funcionários anônimos da área de segurança que as relações Jerusalém-Washington correm algum risco, porque “os detalhes vazados são dramáticos (…) O núcleo secreto, como o método, o tempo, os mecanismos de coordenação e o elemento surpresa, foi revelado”. Nem tudo, porém, era tão secreto: que o Irã está enfraquecido, sem o Hezbollah, é óbvio; que os EUA despacharam um segundo porta-aviões, Carl Vinson, para o Mar Arábico, reforçando o porta-aviões Harry S. Truman no Mar Vermelho, foi visível; meia dúzia de bombardeiros B-2, capazes de carregar bombas que furam o solo, voaram em segredo para a base de Diego Garcia, no Oceano Índico. Previsível também foi a instalação de baterias de mísseis Patriot para a defesa da operação.
Um plano incluía comandos israelenses nas usinas nucleares subterrâneas, depois de uma campanha de bombardeios com a participação da aviação americana. Outro, para uma ação mais rápida, consistiria, principalmente, de prolongados ataques aéreos. Altas patentes dos EUA já estavam informados dos detalhes, esperando a aprovação de Trump, que recuou para a diplomacia e hoje declarou:
“Se houver uma segunda opção (a militar), seria muito ruim para o Irã, e acho que os iranianos querem conversar. Vai ser muito bom para eles se o fizerem. O Irã não pode ter uma arma nuclear. É assim bem simples”.
Continua no sábado, em Roma, com a segunda rodada de negociações Estados Unidos-Irã.