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Interpol inclui Carla Zambelli na lista de procurados internacionais

Decisão foi tomada após ordem do STF; deputada está fora do país e pode ser alvo de pedido de extradição
Arte: BandNews TV

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) passou a integrar, nesta quinta-feira (5), a lista de foragidos internacionais da Interpol. O nome da parlamentar foi incluído na Difusão Vermelha, sistema que reúne procurados pelas autoridades dos 196 países-membros da organização. A medida foi tomada a pedido da Polícia Federal, em cumprimento à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que decretou sua prisão preventiva.

A solicitação da PF foi analisada e aprovada pela Interpol em menos de 24 horas. Com a inclusão no banco de dados internacional, Zambelli pode ser localizada e, eventualmente, presa fora do Brasil. No entanto, a possibilidade de prisão imediata depende das legislações dos países onde a pessoa procurada estiver.

Entenda o caso

Em maio, Zambelli foi condenada pelo STF a dez anos de prisão por envolvimento na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e por inserir documentos falsos, como um mandado de prisão forjado contra Alexandre de Moraes, no Banco Nacional de Mandados de Prisão. Pouco depois da condenação, a parlamentar deixou o país.

Inicialmente, a deputada afirmou nas redes sociais que iria para a Itália, onde possui cidadania. No entanto, na manhã desta quinta-feira (5), ela já havia chegado a Roma. Antes disso, sua assessoria informou que ela estava na Flórida, nos Estados Unidos. A saída do Brasil teria ocorrido pela fronteira com a Argentina, na região de Foz do Iguaçu.

A ordem de prisão preventiva foi emitida por Alexandre de Moraes após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Em resposta, Zambelli criticou a decisão, classificando-a como autoritária e afirmando que vai denunciar o caso em fóruns internacionais. “Denunciarei esse abuso, essa perseguição e essa escalada autoritária em todos os fóruns internacionais possíveis”, declarou em nota.

A deputada já havia tido o passaporte apreendido em 2023, no decorrer das investigações que culminaram em sua condenação. Posteriormente, o documento foi devolvido, o que retirou o impedimento legal para deixar o território nacional.

Além da pena de prisão, Zambelli pode perder o mandato parlamentar e ficar inelegível por oito anos. A perda de direitos políticos independe do trânsito em julgado da condenação e começará a ser contada após o cumprimento da pena, o que, na prática, pode afastá-la da vida pública por cerca de 18 anos. Ainda cabe à defesa apresentar recursos, como embargos de declaração, contra a decisão do STF.

Brasileiros na Interpol

Antes da inclusão de Zambelli, a Interpol recusou dois pedidos semelhantes envolvendo outros aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os blogueiros Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio não foram adicionados à Difusão Vermelha. Allan, que vive nos Estados Unidos desde 2020, teve o pedido rejeitado por falta de informações suficientes sobre os crimes imputados. Já Eustáquio, que estava na Espanha, teve a inclusão negada porque havia solicitado refúgio político — condição que, segundo normas da Interpol, impede o registro.

Atualmente, há 72 brasileiros incluídos na Difusão Vermelha. Desses, sete são mulheres procuradas por crimes como tráfico internacional de drogas, homicídio qualificado e tortura.

Laura Basílio sob supervisão de Thiago San.

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