Uma juíza federal suspendeu temporariamente a decisão do governo Trump que tentava impedir Harvard de continuar aceitando estudantes internacionais. A medida, anunciada na quinta-feira (22), afetaria mais de 7 mil alunos com visto e, segundo a universidade, teria consequências graves e imediatas em seus programas acadêmicos.
Harvard foi à Justiça logo após o anúncio e alegou que a revogação do credenciamento violava a Constituição e fazia parte de uma ofensiva política para forçar a universidade a abrir mão de sua autonomia. Para a instituição, o ataque tem com contexto uma série de desentendimentos com o governo — incluindo cortes em verbas, investigações sobre discriminação e ameaças de novas taxações.
A juíza Allison Burroughs deu um freio inicial na ação do governo, apontando que Harvard poderia sofrer prejuízos antes mesmo do caso ser analisado com mais profundidade. Audiências já foram marcadas para os dias 27 e 29 de maio.
No processo, a universidade diz que foi pega de surpresa a poucos dias da formatura e que o corte afetaria desde cursos e laboratórios até clínicas e pesquisas em andamento. Também afirma que boa parte dos estudantes internacionais vem da China, país que tem sido alvo constante de críticas da Casa Branca.
O governo, por sua vez, acusa Harvard de colaborar com o Partido Comunista Chinês e de permitir discursos antissemitas no campus. Nenhuma prova foi apresentada. A instituição nega e reforça o compromisso com o combate ao antissemitismo e à defesa dos direitos civis.
Enquanto Harvard recorre à Justiça, outras universidades tomaram outro caminho. Columbia, por exemplo, aceitou rever parte de seus currículos e políticas internas após sofrer pressões parecidas.
O governo Trump ainda pode recorrer da decisão. Em nota, a Casa Branca afirmou que “juízes não eleitos” não deveriam limitar ações de imigração e segurança nacional.
Laura Basílio sob supervisão de Denise Bonfim.