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Hamas culpa Israel se 25 reféns morrerem

EUA retomam negociações por cessar-fogo e libertação de reféns, mas impasse persiste

O Hamas advertiu Israel: “Não vamos mover os reféns das áreas sob ordens de evacuação e bombardeios. ” O porta-voz militar do grupo palestino, Abu Obeida, acrescentou que os israelenses são “responsáveis pelas vidas dos reféns. ”

No avião que levou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu à Hungria, anteontem, um de seus porta-vozes, não identificado pelos repórteres a bordo, declarou que a pressão militar de Israel em Gaza já produziu “rachaduras” no Hamas.

O chefe do Estado Maior das Forças de Defesa de Israel (FDI), Eyal Zamir, repetiu, num encontro, hoje, com familiares de reféns, que o objetivo da escalada israelense é saldar “o compromisso das FDI de resgatar os reféns. ” Quem o ouviu discordou, preferindo um acordo negociado, como o que foi rompido por Netanyahu em 18 de março.

O porta-voz não identificado no avião israelense rumo a Budapeste, tratado pela imprensa como “Sênior Oficial”, deu mais declarações importantes. Ele disse que vários países já se revelaram interessados em receber palestinos em êxodo voluntário de Gaza. “Eles querem algo em troca, e não necessariamente dinheiro” – deixando subentendido que um dos objetos de desejo de possíveis anfitriões seria “estratégico”, talvez armamento de Israel. Suspeita-se que o porta-voz “sênior” seja o próprio primeiro-ministro Netanyahu, mas não há confirmação. Só ele poderia afirmar que existe uma pesquisa, sem especificar que instituto a fez, em que 60% dos 2 milhões de gazenses estariam dispostos a partir para outro país. Finda a guerra e com Gaza reduzida a 40% de sua população, Israel poderá transferir o seu controle para um “consórcio de países árabes”. Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Egito e o Marrocos, que já aceitaram o papel de administradores, impõem uma condição: a solução de dois estados, um para a Palestina e outro para Israel, perseguida sem sucesso pelo ex-presidente Joe Biden.

O enviado especial da Casa Branca ao Oriente Médio, Steve Witkoff, vai retomar as negociações sobre cessar-fogo e libertação de reféns na próxima semana, em Abu Dhabi, encontrando-se com o ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer. Se houver algum progresso, as conversas vão prosseguir no Catar ou no Egito. O impasse: o Hamas oferece 5 reféns vivos, enquanto Israel quer 11.

O pai de um refém assassinado, Jon Polin, escreveu a Netanyahu, e seu texto foi republicado pelo jornal Times of Israel: “Chega de divisão, pare de culpar, pare de dividir, pare de ignorar a vontade do povo, basta de vídeos paranoicos do TikTok”, em referência a vídeos em que Netanyahu se insurge contra um “estado profundo” e rejeita as acusações contra seus assessores no escândalo do Catargate. Ele pede que o primeiro-ministro cancele suas férias húngaras “com dinheiro do contribuinte”, e volte para cuidar dos reféns.

O convite de Donald Trump para Netanyahu visitá-lo pela segunda vez, na Casa Branca, na semana que vem, está previsto para o 13 de abril, o primeiro dos sete dias do Pessach, a páscoa judaica. No primeiro encontro, foi anunciado o plano da Riviera do Oriente Médio em Gaza depopulada, que causou furor mundial. O que será agora?