Por que o cessar-fogo atrasou em Gaza? Especialista explica

Segundo o Hamas, o adiamento ocorreu devido a um “problema técnico” relacionado à entrega dos nomes de três reféns que seriam libertados para Israel
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O cessar-fogo na Faixa de Gaza entrou em vigor nesta domingo (19), conforme anunciou o Gabinete do Primeiro-Ministro de Israel em um comunicado. A trégua, inicialmente prevista para começar às 8h (horário local), teve um atraso de quase três horas, com início apenas às 11h15. Segundo o Hamas, o adiamento ocorreu devido a um “problema técnico” relacionado à entrega dos nomes de três reféns que seriam libertados para Israel.

Gunther Rudzit, professor de Relações Internacionais da ESPM, analisou o contexto em entrevista à BandNews TV, destacando as complexidades que cercam a organização palestina e as condições na região. “É importante lembrar que o Hamas não é um Estado nem possui uma estrutura militar convencional como os exércitos regulares. Muitos reféns não estão sob controle exclusivo do Hamas, mas também de outros grupos como a Jihad Islâmica e facções menores, o que complica o processo de coleta de informações e organização”, explicou.

O especialista também ressaltou que a destruição causada por mais de um ano de guerra na Faixa de Gaza desestruturou as cadeias de comando da região, dificultando ainda mais as negociações e a coordenação entre as partes envolvidas. Apesar disso, a entrega dos nomes dos reféns foi realizada, indicando, segundo Rudzit, uma disposição do Hamas em avançar com o processo de cessar-fogo.

“Há uma clara intenção por parte do Hamas em prosseguir com as negociações, mas também enfrentamos desafios dentro de Israel. Existe uma dinâmica interna no governo israelense que influencia diretamente o andamento do acordo. Alguns ministros votaram contra o cessar-fogo, o que reflete tensões políticas e questionamentos sobre a estratégia do Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu”, apontou o professor.

Enquanto a liberação dos reféns representa um passo significativo, Rudzit alertou que avançar para um processo de paz duradouro será muito mais desafiador. “Concordar com o retorno de reféns é algo relativamente mais simples. No entanto, transformar esse gesto em um diálogo para a paz exige um comprometimento muito maior, especialmente considerando as divisões políticas internas e a desconfiança mútua entre as partes”, concluiu.

Confira a entrevista na íntegra!