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Tropa de Choque volta na Favela do Moinho, mesmo após veto da União

Decisão foi motivada por denúncias de demolições irregulares e uso de força policial durante ação da gestão estadual
Reprodução: BandNews TV

Agentes da CDHU, acompanhados por viaturas da Polícia Militar e da Tropa de Choque, voltaram à Favela do Moinho nesta quarta-feira (14), mesmo após o governo federal suspender a cessão do terreno. A operação foi marcada por protestos de moradores, bloqueio do único acesso à comunidade e impedimento da entrada de parlamentares e da imprensa.

A suspensão da cessão foi anunciada na noite de terça-feira (13), após denúncias de demolições irregulares e uso de força policial durante a ação de desocupação promovida pelo governo de São Paulo. A decisão veio um dia depois do início das operações da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), acompanhadas pela PM.

A União afirmou que as ações da gestão Tarcísio de Freitas descumprem os termos acordados entre os governos federal e estadual, que previam uma desocupação negociada e sem o uso de força. Em nota, a Superintendência do Patrimônio da União (SPU) declarou que “não compactua com o uso de força contra a população” e cobrou um processo “transparente e respeitoso”.

Apesar da suspensão, o governo estadual retomou as demolições nesta quarta-feira. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação alega que a intervenção segue um ofício do próprio governo federal, que autorizava a descaracterização de imóveis desocupados. A pasta afirma ainda que cerca de 90% das famílias aceitaram o reassentamento e que 181 já foram realocadas. Moradores, no entanto, relatam que casas habitadas estão sendo demolidas.

Na terça-feira, manifestantes contrários à desocupação bloquearam a linha 8-Diamante da CPTM. O protesto foi reprimido com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Três pessoas ficaram feridas, entre elas uma criança.

O terreno da Favela do Moinho pertence à União, que havia autorizado a cessão da área ao governo paulista com a condição de que fosse apresentado um plano de reassentamento que garantisse moradia adequada e permanência dos moradores na região central. A SPU afirma que o processo foi descumprido e que a operação afetou diretamente a rotina da comunidade.

Laura Basílio sob supervisão de Denise Bonfim.

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