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Fertilização in vitro: tire suas dúvidas sobre o tratamento que ajuda milhares de mulheres a engravidar

Procedimento revolucionou a medicina reprodutiva e ajuda na constituição familiar com técnicas cada vez mais eficientes — mas que ainda geram muitas dúvidas
Reprodução: Freepik

A fertilização in vitro (FIV) é um dos tratamentos mais conhecidos quando o assunto é infertilidade. Desde o nascimento do primeiro bebê de proveta em 1978, milhões de mulheres no mundo realizaram o sonho da maternidade, e estima-se que mais de 12 milhões de bebês tenham nascido por meio da FIV. No entanto, apesar da popularidade, o procedimento ainda gera muitas dúvidas — especialmente para quem está começando a considerar o tratamento. Afinal, quando a FIV é realmente indicada? Como funciona? Quais são os riscos, os custos e as chances reais de sucesso?

FIV não é para todos — e nem sempre é o primeiro passo

A FIV costuma ser indicada após diagnóstico de infertilidade, geralmente após 6 a 12 meses de tentativas fracassadas de engravidar, quando outras alternativas, como a inseminação intrauterina, não foram eficazes ou em casos de famílias não convencionais. Dentre as causas mais comuns de infertilidade estão a obstrução das tubas uterinas (trompas), doenças genéticas, endometriose, baixa reserva ovariana e alterações graves no sêmen. Casais homoafetivos e mulheres que desejam engravidar sozinhas também recorrem à técnica, utilizando doação de gametas.

Antes de indicar a FIV, o médico especialista avalia o histórico clínico e solicita exames como ultrassonografia, dosagem hormonal (FSH, LH, estradiol, AMH), histerossalpingografia (para avaliar as trompas), espermograma e, em alguns casos, testes genéticos. Dependendo dos resultados, pode-se tentar antes abordagens menos complexas e mais acessíveis, como o coito programado ou a inseminação intrauterina (IIU).

Etapas da fertilização in vitro

O tratamento de FIV envolve várias etapas e costuma iniciar entre o 2º e o 5º dia do ciclo menstrual, com duração média de duas a três semanas:

  1. Estimulação ovariana: a mulher recebe hormônios para estimular o crescimento de múltiplos folículos, visando obter o maior número possível de óvulos maduros.
  2. Punção folicular: os óvulos são coletados por meio de procedimento simples, com sedação, guiado por ultrassom.
  3. Fertilização no laboratório: os óvulos são fertilizados com os espermatozoides do parceiro ou doador, formando embriões.
  4. Cultivo embrionário: os embriões são observados por alguns dias (geralmente entre 3 e 7) até atingir o estágio ideal para transferência ou congelamento.
  5. Transferência embrionária: um ou dois embriões são colocados no útero da mulher em procedimento rápido e indolor.
  6. Teste de gravidez: realizado entre 10 e 14 dias após a transferência, por exame de sangue.

Perguntas frequentes

  • A FIV garante gravidez?

Não. As taxas de sucesso variam com idade, causa da infertilidade, tempo de queixa, IMC, etnia, e qualidade dos óvulos, sêmen e embriões. Em mulheres com menos de 35 anos, a taxa média de sucesso é de 35% a 45%. Acima dos 40 anos, cai para menos de 25%.

  • Qual a idade ideal para fazer FIV?

Quanto mais cedo, melhor. A avaliação da fertilidade é recomendada antes dos 35 anos, especialmente se houver fatores de risco. Após os 40, a FIV ainda é possível com óvulos próprios ou doados.

  • É possível congelar embriões ou óvulos?

Sim. Embriões excedentes de boa qualidade podem ser congelados. Já o congelamento de óvulos é indicado para quem deseja adiar a maternidade, preferencialmente antes dos 37 anos.

  • Quantos embriões podem ser transferidos?

A recomendação do Conselho Federal de Medicina é transferir até dois embriões, dependendo da idade e histórico da paciente, visando uma gestação mais segura e de menor risco.

  • O tratamento é caro?

Sim. Um ciclo de FIV pode custar entre R$ 15 mil e R$ 30 mil ou mais, considerando clínica, medicamentos e exames. Algumas clínicas públicas e privadas oferecem programas com valores reduzidos ou parcelamentos.

  • Existem riscos?

Sim, como em qualquer procedimento médico. Os riscos mais comuns incluem a Síndrome do Hiperestímulo Ovariano (SHO), hoje com incidência grave menor que 1% e moderada em até 5% dos casos.

A fertilização in vitro é um marco da medicina moderna. Com acompanhamento especializado, avaliação individualizada e apoio emocional, o caminho até a maternidade pode ser mais leve, mais seguro — e mais possível.

Luiz Eduardo T. Albuquerque – CRM-SP 61351 / RQE nº 30799 – RQE nº 307991

Ginecologista, especialista em Reprodução Assistida e Diretor Médico do Centro de Reprodução Humana Fertivitro

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