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Fertilização in vitro: estratégias para baixa reserva e falha de implantação

Individualização é fundamental para aumentar as chances de sucesso no tratamento

Nos tratamentos de fertilização in vitro, podemos nos deparar com desafios como a baixa reserva ovariana, que ocorre quando a mulher possui uma quantidade reduzida de folículos para serem estimulados visando a formação de óvulos. Essa condição surge principalmente com o avanço da idade, mas também pode afetar mulheres mais jovens. Outro obstáculo que gera muita frustração diante de resultados negativos é a falha de implantação do embrião. Nesses casos, individualizar a abordagem e buscar alternativas é fundamental para aumentar as chances de uma gravidez bem-sucedida.

Inicialmente, é feita uma avaliação completa do histórico clínico e dos marcadores de reserva ovariana, como a contagem de folículos antrais e a dosagem do hormônio anti-mulleriano (AMH). Essa investigação permite planejar estratégias adaptadas ao perfil biológico de cada paciente. Protocolos de estímulo ovariano são ajustados para otimizar a resposta mesmo diante da baixa reserva.

A personalização das doses dos medicamentos busca maximizar o número de óvulos captados sem comprometer a qualidade. Estudos recentes indicam que o uso de testosterona e de seus hormônios precursores, em baixas doses e por um período específico, pode ser uma ferramenta útil para melhorar a quantidade de óvulos obtidos e aumentar as taxas de gestação. Contudo, ainda são necessários estudos mais robustos para confirmar essa eficácia.

A jornada do tratamento torna-se ainda mais desafiadora, especialmente diante de múltiplas transferências de embriões de boa qualidade que não resultam em gravidez. A causa exata desse insucesso permanece desconhecida e não se sabe ao certo se está relacionada à mulher, ao parceiro, ao embrião ou aos três fatores. Suspeita-se de falha recorrente de implantação quando a chance de gravidez após duas transferências embrionárias é superior a 60%.

Alguns exames específicos e tratamentos podem ser individualizados nesses casos, porém muitas vezes não apresentam evidências claras de efetividade. Recomenda-se reavaliar hábitos de vida e considerar a necessidade de suplementação. Exames como o cariótipo do casal, pesquisa de determinados tipos de trombofilias e avaliação da cavidade uterina por meio de histeroscopia podem ser considerados, assim como avaliar a função da tireoide e o suporte adequado com progesterona. Avaliações voltadas para fatores imunológicos e tratamentos com imunomoduladores estão sendo estudados, mas ainda não são recomendados devido à ausência de evidências científicas robustas.

Essas estratégias abrem espaço para uma reflexão mais ampla sobre a importância da individualização não apenas dos protocolos técnicos, mas também do cuidado emocional e integral do paciente, promovendo uma jornada mais equilibrada e humanizada. Alguns ajustes somente são possíveis diante da resposta específica da paciente ao tratamento. Porém, com a evolução da medicina reprodutiva, novas perspectivas surgem, oferecendo esperança adicional na superação dos desafios impostos pela baixa reserva ovariana e pela falha recorrente de implantação.

Dra. Bárbara Tavares, CRM 232427 / RQE 102142 e 1021421
Ginecologista
Médica da Clínica Fertivitro