Os Estados Unidos voltaram a liberar os agendamentos de vistos para estudantes internacionais depois de quase um mês de suspensão. Mas, a reabertura vem acompanhada de exigências mais rígidas de segurança, entre elas o monitoramento da atividade digital dos solicitantes. As novas regras foram detalhadas em um telegrama interno do Departamento de Estado, obtido pela agência Reuters.
Segundo o documento, os consulados americanos devem investigar o comportamento online dos candidatos. A recomendação é que os oficiais façam uma triagem minuciosa, com foco em publicações, interações e posicionamentos considerados hostis aos princípios, instituições ou políticas do governo dos EUA. Pessoas com histórico de ativismo político, especialmente ligado a causas violentas ou a críticas à atuação americana no exterior, podem ser barradas.
A orientação exige que os solicitantes listem todas as contas em redes sociais. Perfis com conteúdos protegidos ou com restrições de acesso podem ser interpretados como tentativa de omitir informações. A verificação se estende a buscas em plataformas públicas, fóruns e mecanismos de pesquisa.
Inicialmente, a nova triagem foi aplicada em caráter experimental a estudantes aprovados pela Universidade de Harvard. A medida passou a valer para todos os consulados. Médicos estrangeiros e alunos de instituições com baixa presença internacional passam a ter prioridade nos atendimentos.
O endurecimento das regras foi confirmado pelo secretário de Estado, Marco Rubio. Segundo ele, centenas de vistos foram cancelados nos últimos meses após a identificação de vínculos dos titulares com causas consideradas contrárias aos interesses dos Estados Unidos, como apoio à Palestina ou críticas à atuação do país na guerra de Gaza.
Um dos episódios que ganharam destaque foi o da estudante turca da Universidade Tufts. Ela ficou detida por mais de seis semanas após publicar um artigo com críticas à postura da instituição diante do conflito no Oriente Médio. A jovem só foi liberta após uma decisão da Justiça americana.
A nova política tem gerado reação entre entidades civis. Organizações de defesa dos direitos humanos alertam para o risco de censura e afirmam que a medida pode violar a liberdade de expressão garantida pela Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos.
Laura Basílio sob supervisão de Júlia Alves.