A tão esperada conversa entre Lula e Trump finalmente aconteceu. A conversa entre os líderes durou cerca de 30 minutos e contou com a participação dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). Fontes ligadas à presidência dizem que até uma piada Lula fez no começo da ligação.
Os presidentes trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação.
Segundo o Palácio do Planalto, Lula descreveu o contato como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis e solicitou a retirada da sobretaxa de 40% dos produtos brasileiros e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras. Para Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior, a redução das tarifas deve ser prioridade do governo.
“Embora não afete a economia brasileira como um todo, a economia americana é muito importante para alguns setores em particular, que estão sofrendo muito agora com a barreira de 50% de tarifas. E nós colocamos, por exemplo, o setor de móveis, o setor de madeira, o setor de frutas, o setor de sal, são vários setores que têm os Estados Unidos como primeiro mercado importador. E aí o Brasil acaba perdendo o mercado para outros, mesmo naquilo que é o maior produtor mundial, que é o caso do café. Restabelecer essa relação e reduzir essa tarifa a níveis que mantém a competitividade brasileira, com certeza é a prioridade do atual governo brasileiro nesse momento”.
A reportagem da Band apurou que os presidentes pactuaram um grupo de trabalho para tratar do comércio entre os dois países. A diplomacia do Brasil e dos Estados Unidos devem fechar um encontro presencial que pode acontecer na Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático, na Malásia.
O presidente brasileiro viajará para a Malásia no próximo mês e a cúpula está programada para 26 a 28 de outubro.Trump ainda não confirmou presença, mas , no mesmo período, cumpre agendas no Japão e Coreia do Sul.
Vitélio Brustolin, professor da UFF e pesquisador de Harvard destacou que um encontro em um território neutro para ambos pode ser positiva.
“É sim possível que seja na Malásia. O Trump ainda não confirmou essa ida para Malásia. Se ele for, ele vai também ao Japão, vai a outros países da região. Ali seria interessante porque seria um território neutro. Não seria nem nos Estados Unidos, nem no Brasil, porque o Trump também aventou vir ao Brasil.
Os dois estariam em território neutro, o Trump não estaria tão confortável para fazer aqueles reality shows que ele faz com o Zelenski em fevereiro”.
Ainda conforme a presidência da República, Donald Trump designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Rubio foi um dos principais nomes do governo americano envolvido com críticas ao STF.
Quando Jair Bolsonaro foi condenado por tentativa de golpe de Estado, o americano chamou a decisão de perseguição política e afirmou que os Estados Unidos responderiam a esta “caça às bruxas”.
O diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington, explicou a estratégia de Trump de colocar Rubio para comandar a negociação.
“Eu acho que o Trump colocou o Marco Rubio para ser o interlocutor porque que a legislação americana que foi utilizada como base para a imposição das tarifas, que é a lei de emergência econômica, ela é organizada, ela é gerida pelo departamento de Estado. Então, mesmo com o Marco Rubio, podendo não facilitar na questão política, na área econômica comercial, eu acho que quem vai dar o tom vai ser o Trump e eu acho que essas negociações vão avançar agora.
O Trump está deixando de lado a ideologia para tratar dos interesses econômicos comerciais das empresas americanas”, concluiu o Embaixador.