Donald Trump vai barrar imigrantes de países de “terceiro mundo”

Trump não especificou quais nações serão afetadas pela medida
Foto: Reprodução/BandNews

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que pretende suspender o processo de imigração para todos os indivíduos nascidos em países que ele classifica como “de terceiro mundo”. A declaração foi feita após o ataque que matou dois integrantes da Guarda Nacional em Washington.

“Vou pausar permanentemente a imigração de todos os países do terceiro mundo para permitir que o sistema dos EUA se recupere totalmente”, disse Trump em uma rede social.

Trump não especificou quais nações serão afetadas pela medida. No entanto, o comentário ocorreu logo depois de o governo apontar um afegão como principal suspeito do ataque. Em uma fala dura, o presidente chamou o acusado de “animal” e classificou o caso como um “ato terrorista”.

O que são países de “terceiro mundo”?

O uso da expressão “terceiro mundo” por Donald Trump, ao ameaçar barrar imigrantes nos Estados Unidos, reabriu a discussão sobre um conceito que deixou de ser utilizado oficialmente há décadas. O termo, criado no contexto da Guerra Fria, classificava países que não se alinhavam nem aos Estados Unidos nem à União Soviética — e incluía o Brasil. Mesmo assim, a expressão ainda aparece em discursos informais, como o do atual presidente americano.

Questionado pela agência Reuters sobre quais países se enquadrariam nessa categoria, o Departamento de Segurança Interna citou apenas os 19 que já são alvo de revisão de Green Cards. O Brasil não está nessa relação, o que indica que Trump se referia a um grupo restrito, diferente do sentido histórico do termo.

Para entender a origem da expressão, é preciso voltar a 1952. Naquele ano, o demógrafo francês Alfred Sauvy publicou um ensaio em que apresentou o “Terceiro Mundo” como o conjunto de países que, recém-independentes ou ainda marcados por disputas internas, eram ignorados pelas potências da Guerra Fria. A definição não se limitava à pobreza econômica. Segundo Sauvy, tratava-se de um bloco marginalizado pelos dois polos de poder e que buscava reconhecimento, autonomia e desenvolvimento.

Nesse grupo estavam praticamente todos os países da América Latina, além da maior parte das nações africanas, do Oriente Médio, da Índia e de regiões do Sudeste Asiático. Sauvy comparou esse conjunto ao Terceiro Estado da França pré-revolucionária: numeroso, ativo e essencial, mas sem voz diante das elites dominantes.

Ao longo das décadas seguintes, o conceito perdeu força. Com o fim da Guerra Fria, a divisão em “três mundos” deixou de refletir a realidade internacional e foi abandonada nas análises geopolíticas. Mesmo assim, algumas ideias centrais permanecem presentes em debates contemporâneos sobre desigualdade global.

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