Após a Polícia Civil de São Paulo identificar indícios de que parte do dinheiro do contrato de patrocínio entre o Corinthians e a casa de apostas Vai de Bet foi transferido para contas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), o clube se manifestou afirmando que “não possui controle sobre o que terceiros fazem com valores recebidos em decorrência de contratos firmados”. O caso está sendo investigado como possível esquema de desvio de recursos.
O contrato, firmado em 2024, previa o repasse de R$ 360 milhões ao longo de três anos. Apesar de inicialmente não prever intermediários, uma cláusula de última hora incluiu uma comissão de 7% para uma empresa terceira.
Nota oficial do clube
Em nota, o Corinthians afirmou não haver até o momento qualquer prova de envolvimento direto com os fatos investigados, e declarou total apoio às apurações. O clube ressaltou que cumpre suas obrigações legais e contratuais e reiterou seu compromisso com a transparência, a justiça e o combate a práticas ilícitas no futebol.
“O Sport Club Corinthians Paulista informa que, até o momento, não há qualquer demonstração de autoria relacionada aos fatos mencionados. O presidente do Clube reafirma seu total apoio às investigações em andamento, bem como a todas as iniciativas que visem apurar eventuais envolvimentos do crime organizado no futebol brasileiro.
O Corinthians destaca que é vítima das circunstâncias investigadas e reforça que não possui controle sobre o que terceiros fazem com valores recebidos em decorrência de contratos firmados. O Clube cumpre rigorosamente todas as suas obrigações legais e contratuais, prezando pela transparência e integridade em suas operações.
O Corinthians reitera seu compromisso com a transparência, a responsabilidade e a justiça no esporte, apoiando todas as medidas necessárias para garantir a lisura das competições e combater práticas ilícitas no futebol.”
O caminho do dinheiro
Segundo relatório da Polícia Civil, o Corinthians fez dois depósitos à empresa Rede Social Media Design, somando R$ 1,4 milhão. O valor foi repassado parcialmente à Neoway Soluções Integradas, que transferiu quase tudo à Wave Intermediações e Tecnologia. O destino, segundo os investigadores, foi a UJ Football Talent — empresa já mencionada em delações relacionadas ao PCC.
A UJ Football Talent é apontada como controlada por Danilo Lima de Oliveira, suspeito de envolvimento com a facção criminosa e com o sequestro de Vinicius Gritzbach, ex-integrante do PCC, em 2022.
Apesar de indícios de que o Corinthians possa ter sido vítima, a Polícia também investiga possível conivência da diretoria. O presidente Augusto Melo e outros dirigentes são investigados por furto, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A suspeita é de que o contrato de intermediação tenha sido criado como fachada para desviar recursos.