Saúde

SUS é o principal provedor de saúde, aponta pesquisa

Estudo 'Persona Favela - Saúde da Mulher' traz dados sobre saúde e planejamento familiar das mulheres nas favelas

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Da Redação

16/03/2023 12:53

Saúde

Pesquisa realizada pela Nós Inteligência e Inovação Social, iniciativa do Nós, o Novo Outdoor Social, traz dados sobre a saúde das mulheres moradoras das favelas no Brasil, em especial sobre sua saúde sexual e planejamento familiar. O estudo aponta que o Sistema único de Saúde (SUS) é o principal provedor de consultas médicas das mulheres que moram nas comunidades periféricas do país, com um percentual de 81%, enquanto apenas 12% dessas mulheres recorrem à rede privada. Sendo que pelo menos 50% das mulheres vão ao ginecologista pelo menos uma vez ao ano. 82% já realizaram o exame Papanicolau, entretanto, dentre as que nunca o fizeram, o principal motivo foi não terem conseguido marcá-lo.


“O nosso objetivo com a Pesquisa Persona Favela “Saúde da Mulher” é entender e sentir onde estão as necessidades sobre bem-estar sexual e planejamento familiar das mulheres das periferias brasileiras. Por essa razão, fomos a campo para entender a realidade do universo feminino nas maiores comunidades do país”, explica Emília Rabello, CEO do Nós, o Novo Outdoor Social.


A pesquisa revela que as 6 em cada 10 mulheres têm vida sexual ativa e com um parceiro fixo. 76% delas já engravidaram e 26% já tiveram um aborto. Em relação à gravidez, 46% foram planejadas e 57% não, sendo que 63% têm um ou dois filhos. Os dados que relacionam a quantidade de filhos ao grau de escolaridade, apontam que quanto mais filhos, menor a escolaridade. Dentre as que têm três ou mais crianças, 40% fizeram até o ensino fundamental. Ainda que elas demonstrem conhecimento sobre o que é planejamento familiar, apenas 36% participaram de algum programa do tema, e 77% o fizeram pelo SUS. As que desconhecem o assunto compõem 14% do total. Todavia, o número sobe para 19% dentre as mulheres que fizeram até o ensino fundamental.


Sobre as principais condições de saúde, 20% afirmaram que tiveram algum problema ginecológico no último ano, sendo a infecção urinária e o corrimento como os mais citados. Para além das doenças ginecológicas, a pressão alta e diabetes se configuram como as condições mais presentes, com percentuais de 44% e 29% respectivamente. 52% destas mulheres fazem uso de contraceptivos, principalmente as mulheres entre 18 e 34 anos e com vida sexual ativa. Entretanto, como visto ao longo da pesquisa, este número também cai para 45% quando falamos de mulheres com escolaridade até o ensino fundamental.

Dentre os principais métodos utilizados, a injeção e a pílula anticoncepcional foram as mais citadas, sendo seguidas pelo uso da camisinha, o DIU e laqueadura. A grande maioria delas diz que não enfrenta dificuldades e está satisfeita com o método contraceptivo usado. As mulheres que participaram da pesquisa, 64% afirmam que recebem apoio do parceiro sobre a contracepção, 34% não falam sobre o assunto e 4% enfrentam rejeição por parte do parceiro.


Enquanto 8 em cada 10 afirmaram ter recebido orientação sobre o uso de métodos contraceptivos, o estudo demonstra que 57% não conhecem o DIU. Os dados apontam que as mulheres das favelas brasileiras desconhecem o método em questão, e quando o conhecem, apresentam dúvidas sobre sua eficácia e efeitos colaterais, ou ainda pensam que o aparelho causa dor e infertilidade. Já entre as que o conhecem, 71% sabem que é possível colocá-lo pelo SUS. A porcentagem de mulheres que receberam orientação sobre métodos anticoncepcionais cai para 73% entre as que têm até o ensino fundamental, e mais ainda entre as moradoras com mais de 55 anos (48%).


Sobre o ciclo menstrual entre mulheres periféricas, 66% mulheres usam o absorvente convencional, 10% utilizam o absorvente interno e apenas 1% fazem uso do coletor, também conhecido como copinho de silicone. Quanto ao gasto mensal médio das mulheres com absorventes, remédios para cólica e outros produtos relacionados ao período menstrual, 58% desembolsam entre R$10 e R$20 reais por mês.


De acordo com Emilia, o SUS cumpre o papel de prover cuidados com a saúde dessas mulheres, porém não é tão efetivo quanto à educação, informação e aconselhamento. A situação piora para as mulheres menos escolarizadas: “quanto menor a escolaridade, menor o uso de método contraceptivo, e menor o planejamento familiar”, ressalta.



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