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ONG acolhe travestis, gays e lésbicas estrangeiros através de parceria com a ONU

Fundado em 2008 o Casarão Brasil recebe LGBTs brasileiros e estrangeiros

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Juliano Dip

27/03/2023 09:20

Fonte: André Cavalini/Casarão Brasil

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Não é fácil o recomeço de um imigrante que veio para o Brasil em busca de melhores condições de vida. Somente Venezuelanos são mais de 260 mil. Segundo o ACNUR, são pessoas que têm 64% menos probabilidade de chegarem a um emprego formal no Brasil e 30% menos chances de acessarem programas de assistência social em comparação aos brasileiros. Agora imaginem quando esses estrangeiros são gays, lésbicas, travestis ou transexuais, os caminhos ficam ainda mais árduos, as portas se fecham com mais frequência, na verdade elas raramente se abrem.

Foi percebendo o aumento de LGBTs expatriados em situação de rua que a ONG Casarão Brasil passou a oferecer acolhimento a essas pessoas até chegar à Organização das Nações Unidas. Por meio da Organização Internacional para as Migrações, OMI, da ONU, o Casarão Brasil assinou um acordo com objetivo de ampliar a acolhida à essas imigrantes e refugiadas LGBTs, em sua maioria mulheres trans.

Em entrevista ao nosso podcast Toda Gente, o Presidente da Casarão Brasil, Rogério de Oliveira, disse que o que mais “chamou atenção” no relato dessas mulheres foram os episódios de perseguição que as fizeram deixar seus países.


“Algumas delas fugiram da perseguição contra transexuais, fugiram do preconceito, né e vieram parar no país que mais mata transexuais né porque de alguma forma elas se sentiram mais seguras aqui, onde a violência é tão grande, do que no país onde elas vivem”. A gente tem recebido pessoas da América Latina e algumas algumas de outros países que fazem contato, geralmente a própria pessoa ou através de alguma organização internacional, como foi o caso de uma menina que a gente recebeu da Tunísia, que hoje mora conosco aqui na região da zona sul, as dores dessas mulheres são muito parecidas com as das mulheres trans brasileiras”, afirma Oliveira.


Para a Coordenadora de Comunicação da ONG, as meninas estrangeiras acolhidas pela parceria com a ONU vivem realidades próximas às de quaisquer mulheres vítimas de violência. “O que separa mesmo é a língua, um pouco a cultura, mas é a realidade das mulheres, são todas iguais Inclusive eu enquanto mulher também me sinto muito próxima da realidade delas, muitas vezes é a violência com parceiro, relacionamentos tóxicos, né, então eu acho que somos todos mais ou menos como o nome do seu podcast né, estamos todos juntos, somos todos para todos, toda a gente.”=

Para viver no Brasil elas recebem, inclusive auxílio jurídico, “uma advogada que muitas vezes vai com a pessoa até a Receita Federal para ter acessório em todas essas questões, o pedido de refúgio, porque sem ele você não consegue dar andamento nas demais questões, por exemplo emitir um CPF para abrir uma conta bancária”, explica o presidente.

A justificativa para o exílio normalmente é a LGBTfobia, “por exemplo os países árabes onde as pessoas são exterminadas por conta da orientação sexual, então essas pessoas automaticamente o departamento da Receita Federal ele sabe que a pessoa quando ela se declara LGBT se não permanecer no país ela corre esse risco de vida, então é automático”.

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